quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Um copo de nostalgia a caminho da madrugada

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS


 
Mais uma noite chega. Escuto músicas que adorava ouvir na minha infância e de repente sinto saudade de tudo que não vivi.
 
Sinto saudade do amor devastador e sem ressalvas que nunca aconteceu. Do futuro brilhante que nunca se realizou.
 
Sinto saudade de tudo aquilo que me deixou sem ao menos ter chegado até mim. Sinto saudade do se. De tudo que imaginei. 
 
Sinto saudade do que eu deixei de mim para os outros e de tudo o que os outros deixaram para mim e eu guardei numa prateleira qualquer ou atirei contra a parede num momento de desespero ou raiva.
 
Procuro no caos das gavetas da minha alma , uma fotografia ou uma carta que justifique a minha passagem pelo mundo. Uma lembrança cálida que me segure pela mão e me leve para dormir sem me pedir nada. Que apenas me aconchegue em seus braços.
 
As pessoas vem a mim como se fosse sábia. Como se pudesse ajuda-las. Como se eu soubesse algo que elas não soubessem. Como se eu retivesse entre meus dedos uma chave mágica ou escondesse no meu colo algum antídoto contra a vida.  O que não podem ver que no máximo há uma pérola sufocada entre os meus seios. Esta pérola que simboliza as lágrimas.
 
Talvez eu saiba de alguma coisa mesmo. Talvez eu saiba mais do que eu mesma compreenda racionalmente. Às vezes, pareço um pouco bruxa mesmo...sorrio internamente , embriagada por feitiços que só envenenam a mim mesma.
 





Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas. 


 
 
 
 
 
 

4 comentários:

  1. Cacete! Sentir um vazio na alma e me vi sem saber o que te dizer agora. Só percebi a lágrima descendo pelo rosto. Agora fez sentido a frase "Super heróis também sangram". Não tô querendo te dar mais responsabilidades, apenas dizendo que somos iguais e temos fraquezas. Só sei que depois de ler esse texto (desabafo) me deu uma vontade de te dar um abraço e chorar junto. Serve colo a distância??

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  2. Que linda RS Claro que serve! Já estou me sentindo abraçada!

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    1. Sabe Sílvia. As vezes a gente consegue decifrar o outro mais facilmente do que nós. Pq, podemos enxergar com um outro ponto de vista. Sentimos saudades sim de muita coisa, mas, principalmente da gente. É como "Alice no País das Maravilhas". As vezes temos que nos perder para nos encontrar. É preciso encerrar assuntos em aberto para começar uma nova história. Mando um grande abraço apertado \o/ e um beijo!

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  3. Sim, concordo com vc, Darlin. É aquela história da ilha , né? Conseguimos ver o outro pois estamos fora do outro. Fica mais complicado ver a nós mesmos porque estamos dentro de nós RS Me lembro de um dia , quando era criança, e comecei a procurar uma bolsinha da Barbie. Não a encontrei. De repente , fui fazer xixi e olhei para os meus pés. Vi que a bolsinha havia se enroscado no meu chinelo RS Hilário!

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