quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Gosto de champanhe

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
 
 
Muitos de meus textos são inspirados por posts do Facebook. Sim, pode existir vida inteligente nas redes sociais. Quem arranja pessoas interessantes na vida real é capaz de encontrá-las no meio virtual. 
 
O post que me inspirou a escrever o "testículo" de hoje é sobre os benefícios do champanhe. Uma pesquisa aponta para a informação de que o consumo da bebida dos deuses numa versão mais afrescalhada e diva pode evitar o Mal de Alzheimer.
 
Se a pesquisa for realmente verdadeira, manterei a minha memória ativa e ferina, conservando detalhezinhos sórdidos das mais variadas fases da minha vida.
 
Não acho que champanhe só sirva para passagens de ano , aniversários ou festas coorporativas. Se para muitos o champanhe serve para comemorar ou bebemorar algum acontecimento ou data estipulada para ser feliz ( nada mais insuportável do que hora marcada para se sentir bem. Falta de espontaneidade total)  o champanhe torna um dia comum e banal um dia especial. Faço o caminho inverso. Gosto de subverter.
 
Gosto de tirar as coisas do lugar nem que seja para constatar que na posição original era melhor.  Não consigo conceber a vida sem uma boa dose de criatividade e algumas gotas de insanidade. Não há nada mais chato do que uma vida completamente normal.
 
Para mim, os muitos normais são os verdadeiros loucos pois abrem mão das mais descaradas alegrias em nome de regras e protocolos que eles nem mesmo entendem.  Apenas as seguem autômatos. Vivem como samambaias , achando que champanhe é bebida exclusiva de final de ano. Para tais pessoas perder ou conservar a memória pouco importa...provavelmente eles não tem muito o que esquecer ou lembrar...
 
Da minha parte, continuarei tomando o meu champanhe pois quero conservar a saúde e preservar as minhas memórias, inclusive as dolorosas. Sim, quero lembrar das dolorosas para nunca esquecer quem sou.

Quero levá-las para cama, tocá-las , acaricia-las , colocá-las entre as minhas pernas, com o gosto de champanhe na boca e na alma . Quero mergulhá-las no fundo do meu âmago até sentir um gozo insuportável.
 
 
 
 

 
 



Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas. 

 
 












Um comentário:

  1. Bem, eu na minha insanidade conseguir formular uma teoria sobre essa questão. Bora lá! Digamos que a pesquisa seja realmente verdadeira e que o consumo da bebida possa evitar o Mal de Alzheimer. Para mim, para você e para uma minoria de pessoas, o Champanhe continuaria conservando os bons e também os maus momentos, porque não? Mas, mesmo que todo mundo soubesse disso, que o consumo do Champanhe poderia evitar o "esquecimento", ainda assim ele continuaria sendo "lembrado" em momentos comemorativos e no fim do ano. Sabe por que? Porque eles realmente não querem lembrar. Lembrar do estresse do trabalho, do chefe, de um trânsito caótico, do calor, das contas para pagar, das desilusões amorosas ou das decepções da vida. Eles iram optar por aquelas que vão fazer esquecer os problemas. Que vai sentir descer queimando pela garganta para aliviara dor do coração. Pois, eles não querem lembrar desses momentos,mas, sim esquecer! E essa é a minha teoria. O champanhe só lembrando nessas ocasiões comemorativas porque ninguém quer esquecer. Bjs!

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