quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Sobre fantasmas e certezas intuitivas

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS



Talvez , por ter dormido após ver um filme de terror ( muito bobo por sinal ) acordei com uma lembrança estranha da minha infância.

Quando tinha oito anos de idade, uma tia mudou-se para uma cidade do interior com o marido e a filhinha de apenas 3 anos. 

Mudaram-se para uma grande casa alugada num condomínio de luxo, enquanto a deles era construída no mesmo condomínio. 

Apesar de ser uma casa bem espaçosa e confortável, com quatro quartos grandes , todos dando para uma ampla varanda, uma sala gigantesca dividida em três ambientes , uma cozinha grande e aconchegante ao mesmo tempo, muitas pessoas da família não se sentiam bem lá. Eu era uma destas pessoas. 

Os casais que se hospedavam na suíte dos fundos não conseguiam dormir direito. E eu ao atravessar o longo corredor dos quartos sempre olhava para trás, para a direção da tal suíte , antes de apressar o passo.

Uma noite , enquanto meus pais, meus tios e meu irmão conversavam na cozinha , eu tentava dormir no quarto mais próximo à tal suíte. Não consegui pegar no sono. Imagens de um filme de terror me vinham à cabeça ( o filme em questão era A mosca de Cronenberg) e resolvi me levantar e ir à cozinha. Mas no momento em que a minha mão girou a maçaneta , mudei de ideia pois o cachorro da casa estava na cozinha. E apesar de manso, eu tinha medo dele. Eclipse total como diria Stephen King. Não me recordo o que aconteceu depois. 

Anos mais tarde , depois de ouvir muitos comentários a respeito da tal casa, quando ela já havia se mudado , minha tia finalmente confessou: havia ocorrido um suicídio na casa alugada. 

Até hoje lembrar-me daquela casa e daquele corredor me causa certa estranheza. 

Muitos não acreditam, mas eu creio que os locais conservam as nossas energias. Pode ser um delírio meu. Quem sabe? Quem pode responder com absoluta certeza? Mas quando soube do suicídio, para mim não foi nenhuma grande surpresa. Lá no fundo, instintivamente e de forma inconsistente, eu acho que eu já sabia.







Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas. 

2 comentários:

  1. Adorei o tema! Não é um delírio Sílvia. É apenas uma sensibilidade normal. Que algumas pessoas conseguem sentir mais facilmente. Bem essas "sensibilidades" dependendo da religião vai ter um nome diferente. Mas, realmente existe energias em qualquer ambiente. As vezes ela nos trás uma sensação boa e outras nem tanto. E a gente sente isso quando vamos para um ambiente diferente do qual estamos acostumados. E essa sensação não se trata apenas de lugares. Podemos sentir também com pessoas e objetos. E as vezes chegamos num certo ponto até de se sentir mal fisicamente. E o que a gente faz em relação a isso?? Simples! Reza o pai nosso e limpa o pensamento. Se a gente soubesse a força e a energia que o pensamento possui tomariamos mais cuidado na hora de pensar. Vou exemplificar! Sabe aquele ditado: "Olho de secar pimenta"? É um ótimo exemplo! Tipo, Você tem uma planta na sua casa. E você cuida dela com um maior carinho. Ai, chega alguém e olha pra ela e diz: "Que linda!!" numa intensidade tão forte que no outro dia a planta muchar. E desse modo que acontece com a gente. Eu poderia falar um monte de coisa aqui só que ficaria estenso. Mas, compreendo a sensação do fato.

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    1. Adoro temas relacionados a ocultismo RS Na época, obviamente ficava assustada. Até hoje, quando lembro daquele corredor...ai, Meu Deus RS Mas foi muito especial escrever este post. Eu narrei este fato para algumas pessoas, mas escrever é outra coisa. Sim, concordo com vc. Não sei explicar bem o porquê , mas concordo com vc. Existe muita energia em nós que não sabemos explicar ou entender. Vc falou sobre plantas que secam. Eu sempre penso naquele caso clássico de olhar fixamente para a nuca de alguém e a pessoa olhar para trás. Comigo acontece muita telepatia também. Eu penso muito num amigo ou parente e naquele mesmo dia , a pessoa me escreve ou me liga...muito estranho RS

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