quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Pare de se explicar: preservando sua energia para coisas melhores

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
 

Não há nada mais chato do que ter que explicar a mesma coisa 507 vezes. Quando a pessoa não entende mesmo, ok. Sou professora e tenho a maior paciência do mundo para ensinar. O problema é quando a pessoa não quer entender e fica acuando a gente num joguinho emocional perverso.
Na verdade, a pessoa entendeu muito bem, mas não concordou com o seu ponto de vista. Ao invés de discordar e pronto, encerrar o assunto, fica criando polêmicas em cima do nada, procurando pelo em ovo, chifre em cabeça de cavalo e tirando a paciência até do indivíduo que pratica budismo há 50 anos.
Como uma boa mistura explosiva de sangue espanhol com italiano, quando percebo este tipo de conduta, fico emputecida e minha vontade é pular na jugular mesmo, com os olhos cheios de sangue e muita bílis na boca.
Mas venho aprendendo a me controlar porque percebi que na verdade o carinha ou carinha que finge não entender só para criar uma mesa redonda, na verdade é um ser que precisa de muita atenção e como não consegue encantar as pessoas com palavras inteligentes, gentis ou engraçadas, fica criando polêmica em cima do nada. Estas pessoas enchem o saco, cutucam, provocam porque elas querem realmente que você perca seu precioso tempo com elas, dando explicações inúteis que te deixarão esgotado. Em resumo: elas querem que você se sinta como elas se sentem: um monte de merda.
Cada vez mais vou descobrindo que todo chato é um cara muito infeliz com ele mesmo e para conseguir se suportar, precisa jogar um pouco do fardo que ele é em cima do primeiro infeliz que tem o azar de passar na frente dele.
 
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas.
 
 

sábado, 15 de agosto de 2015

As piores bostas que uma pessoa pode fazer na vida


Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
 

Acreditar em alguém que diz que você não é capaz.
 
Misturar vinho com qualquer outra bebida, principalmente se o vinho for de má qualidade

Confundir extroversão com coração aberto. Muita gente ri bastante , fala alto e gesticula amplamente, mas tem cadeados gigantes na alma.

Comer maionese em buffet. Evite. Maionese é como namoro. É perfeita no começo, mas em algum momento costuma desandar.

Deixar de ser você mesmo porque seu estilo não está na moda.

Usar algum banheiro público sem verificar antes se tem papel higiênico.

Escolher uma profissão só porque disseram que ela é rentável

Tomar sopa de cebola na véspera de uma entrevista de emprego ou encontro amoroso

Deixar de acreditar nas pessoas só porque três ou quatro FDP fizeram uma boa cagada contigo.

Pedir uma segunda margarita só porque a primeira caiu super bem.

Acreditar que pessoas agressivas e esnobes são as mais fortes. Muito pelo contrário. São as mais fracas e burras porque perdem o melhor da vida que é entrar em sintonia com os outros.

Deixar de dizer eu te amo por medo de ficar na mão do outro ou simplesmente se deparar com um silêncio constrangedor. Às vezes a gente faz papel de idiota mesmo. Faz parte das delícias e horrores da vida.

Cortar abruptamente um antidepressivo. Nunca fiz isso, mas me falaram que pode dar até convulsão.

Falar de coisas profundas para gente rasa

Ir para Paris em julho, principalmente se você odeia calor

Ir a restaurante badalado em dia das mães sem fazer reserva , principalmente se você odeia fila.

Ficar no meio da escada rolante no metrô de São Paulo. Você pode ser assassinado.

Projetar no outro as suas qualidades positivas e permitir que os outros projetem os seus defeitos em você. Se alguém fizer isso, deixe a pessoa falando sozinha enquanto você vai pescar ou meditar sobre o seu final de semana

Entrar em joguinhos.

Conviver com gente extremamente competitiva. Aprenda a competir com você mesmo, se superando sempre.

Ter um filho só porque o seu parceiro quer e a sociedade cobra.

Ficar com alguém só por medo da solidão

Preparar um jantar para quem vive fazendo dieta. Acreditem. É um saco.

Achar que já estudou muito.

Acreditar que amor demais estraga as pessoas. O que estraga é o ódio e a indiferença.
 
 
 
 
 
 
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas.
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 






sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Mandando tudo para PQP e à merda ao mesmo tempo!



 
 
Garota debochada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Depois de passar por uma crise depressiva daquelas de te botar em posição fetal, dentro de um quarto escuro por vários dias , em que as únicas coisas que te animam é a certeza de que um dia você vai morrer e quando chega uma bandeja com comida, nada ou quase nada é o mesmo na vida. Nada tira meu apetite. Perco o sono, o ânimo, o humor, a fé, mas não perco o apetite.

Tudo ou quase tudo ganha um novo sentido, uma nova dimensão. O que parecia pequeno se torna grande e o que era urgente deixa de importar tanto.
 

Era viciada em fazer as unhas desde os 19 anos de idade. Toda semana estava lá eu no salão para fazer as mãos. Às vezes até uma segunda para trocar o esmalte. Um descascado na unha me deixava realmente emputecida

 
Sempre valorizei meus amigos, mas lá no fundo esses eram uma espécie de companheiros simpáticos na sala de espera da vida. Quando encontrasse meu grande amor, sairia da sala para dar o play no filme da minha existência.
 
Sempre tive muita simpatia por Psicologia e Psicanálise, mas achava que eu não precisava fazer tratamento algum, pois no dia em que a minha vida começasse, pararia de sofrer horrores.
 
Achava que o casamento era a solução da vida. E se fosse minimamente rejeitada, a culpa era com certeza minha.
 
Depois que nos recuperamos de uma depressão daquelas que faz o sol ficar cinza e sentir preguiça até de raspar as axilas, você começa a entender que a vida é o que é. E que não adianta chorar e reclamar. Certas coisas não são para acontecer e quanto mais cedo aceitar isso, menos estresse para você e para todos aqueles que estão ao seu redor.
 
No início da minha recuperação só filme trash e chocolate me animava. Depois, aos poucos, com o tempo fui redescobrindo outros prazeres e alegrias até voltar completamente à tona. Percebi realmente que estava começando a melhorar quando fiz piadas a respeito do Rivotril e meus alunos riram. Meu maior temor era virar uma professora chata e pé no saco que ninguém aguenta. Que só de ouvir a voz dá vontade de bocejar ou de se jogar pela janela.
 
Depois evoluí para piadas mais calientes e deprimentes como meu jejum de sexo e minha carência afetiva. Sim, comecei a achar toda aquela merda fedida na qual estava afundada um pouco engraçada e até mesmo interessante. Sim, a merda tem o seu charme, o seu savoir fare. Estar na merda é banal.  Admitir-se na merda é charmoso. Fazer piada da merda pode ser a melhor das terapias e dos stand ups ao mesmo tempo, numa espécie de dois em um tragicômico.
 
Hoje corto as unhas em casa , acumulei um quilo de cutícula,  faço psicanálise, vivo convidando meus amigos para sair ou vir aqui em casa.  Uma unha malfeita não me impede mais de me sentir bem ou assumir um compromisso. Meus amigos já não fazem mais companhia para mim enquanto espero meu amor.  Já não são o meio, são o fim. Descobri que sair, conversar e encher a cara com amigo é bom pra c...   Comecei a achar que casamento pode ser muito bom, mas não é a solução da vida.  Dependendo do noivo em questão pode ser bem chato ou até mesmo a condenação.
 
Descobri que não preciso estar com alguém “legal” para imprimir em mim o selo de qualidade ISO 9000. E decidi que se um dia voltar a namorar, quero alguém bem desencanado.  Falamos em inteligência, charme , cultura , mas só quem se relacionou com alguém sistemático ao extremo ,  para não dizer pentelho de dar dor no colo do útero, subestima o valor de um bom macho desencanado coçando as suas partes , vivendo e principalmente deixando viver.
 
Estou descobrindo a minha agressividade, o meu senso de sobrevivência. Pasmem, mas descobri que a minha   vida já começou em meados de 1978, quando me tiraram da barriga da minha mãe.  Descobri também que o futuro não existe e que mais vale um sushi não erótico com um amigo do peito ou uma cerveja num boteco com meus queridos alunos do que a projeção de uma vida a dois perfeita.
 
 
 
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas.