segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Mais desbocada do que nunca

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

A noite cai depressa. Daqui a pouco é madrugada. Daqui a pouco é a hora em que a minha mente de poeta fica impregnada de pensamentos perplexos,  pulando de palavra em palavra, apalpando as possibilidades.
 
Escuto I will survive enquanto digito meio sem rumo, meio sem saber onde quero chegar. Se é que quero chegar a algum lugar específico. Talvez, ainda não tenha me dado conta de que como boa geminiana, gosto do caminho. Gosto do ir e vir.
 
De I will survive pulei para a música tema de  Último tango em Paris. Nunca entenderei por que muitos não consideram este filme uma obra romântica. Concordo com Bertolucci. Acho Último tango em Paris insuportavelmente romântico. Chega a ser meio açucarado demais em alguns momentos.
 
E ao andar pelas ruas da cidade ou ao acidentalmente encontrar os olhos de um homem no metrô, comumente me pergunto: qual deles poderia ser o Paul da minha vida.
 
Uma vez comentei sobre isso com um ex aluno cinéfilo que se tornou um amigo muito querido. Esbarramos todos os dias com tantas pessoas sem imaginar toda a passionalidade que pode existir ou não dentro delas. Perdemos muitas possibilidades de grandes paixões todos os dias sem ao menos nos dar conta.
 
Volto para I will survive pois penso mais em mim mesma do que em romance. Que o meu Paul me espere. Este Paul que pode ser mais velho ou mais jovem, contanto que seja intenso, sem mas nem poréns. Que seja quente. Não tolero mais gente fresca muito menos morna.
 
 
Deve existir neste mundo de zumbis alguém capaz de vibrar e pulsar e fazer do meu corpo insensato seu porto-inseguro. 
 
Sempre volto a I will survive , pois de um jeito ou de outro, sempre volto a mim mesma. Mais quebrada e mais inteira. Quanto mais me quebram, quanto mais me atiram contra a parede, mais me torno eu mesma.  Este mosaico de lembranças tepidamente lânguidas e nuances incertas.
 
 



Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas. 

 













2 comentários:

  1. Talvez esse Paul esteja por ai em qualquer lugar. Talvez ele seja o cara caminhando na rua, aquele no elevador ou aquele que está sentado na poltrona de lado do avião. Quem sabe? Porém, a Jeanne não o procurava. Ela apenas perambular pelas ruas parisienses, meio inquieta, deixando-se levar pelo ar decadente da cidade rumo a lugar nenhum em específico. E sem menos esperar, aconteceu algo intenso entre os dois, naquele edifício.
    Eu, uma "Alice" de Woody Allen (Paris- Manhattan) que adora indicar filmes para as pessoas, te indicaria: Sob o sol de Toscana. Que curiosamente conta a história de uma escritora. Se você já conferiu, ótimo! Mas, caso não tenha visto te recomendo conferir. Bjs!

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