Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Sim, os italianos e descendentes têm péssima fama. Fama de mulherengos, falastrões e irresponsáveis. Não posso dizer que é intriga da concorrência RS mas por outro lado, tem coisas que os tornam irresistíveis, principalmente porque como descendente de italianos ( 3 bisavôs e uma bisavó) me sinto mais compreendida por estes homens de olhar brilhante e profundo.
Pesquisei cinema espanhol por uns dez anos e sempre tive o maior fetiche pelos homens espanhóis, mas na hora do vamos ver, as minhas maiores paixões tinham sangue italiano correndo nas veias.
Existe uma passionalidade que só a gente entende. Como definiu um autor inglês em um livro "Esta gente ardente e complicada".
Sim, falamos alto. Falamos demais. Falamos com as mãos. Macarrão é muito mais do que uma comida. É papo sério. Nunca peça para um italiano ou descendente escolher entre você e o macarrão. Abandonei os serviços de uma nutricionista pois ela faltou com o respeito em relação ao macarrão. Comento este fato até hoje depois de quase dez anos.
Sim, somos muito apegados à família. E não importa se a gente tem 20, 30 ou 50 anos, os pais são figuras centrais em nossa vida. E quem não consegue respeitar tal realidade, a gente fulmina em nossas cabeças passionais.
Sim, somos emotivos, fazemos muito drama, mas somos muito alegres também. E nos apaixonamos facilmente. Mas não gostamos de namoros cafonas. Gostamos de namoros ardentes. Num minuto a gente ameaça se jogar da janela. No outro estamos comendo um bom spaghetti. Porque não há tristeza neste mundo que uma boa pasta e um copo de vinho não aliviem.
Falando em vinho...sim, nós tomamos muito e desde crianças. Vinho é alimento. Minha tataravó em seu leito de morte , uma senhora muito religiosa e distinta, recebia colheradas de vinho na boca.
Sim, tem coisas que só um italiano ou descendente entende mesmo que não goste muito ou não concorde completamente. A nossa mania de manifestar afeto por meio da comida. O nosso caráter supersticioso, o nosso Catolicismo arraigado mesmo que não frequentemos mais a Igreja. O nosso jeito de sorrir com os olhos, uma certa indecência ingênua.
Me pergunto até quando poderei fugir deles...ou dos meus?
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário