quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Um chandon na mão e mil ideias na cabeça

Garota desbocada é um espaço esteticamente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações RS Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
 
Começo este artigo parafraseando Glauber Rocha.  Pessoas de fato lúcidas precisam ser reverenciadas sempre.  E enquanto segurava a minha taça de Chandon, almoçando sozinha, saboreando a minha comida sem pressa, deglutindo meu espumante com goles curtos, segurando a taça longa com um prazer erótico ( taças longas são bem fálicas) não me importei de estar sozinha. Só consegui pensar na massagem maravilhosa que viria depois.
 
Só consegui pensar que viria uma vida inteira pela frente, cheia de portas para serem abertas, janelas puladas e milhares de taças de Chandon deglutidas.
 
Só consegui pensar que viria uma vida toda pela frente , cheias de momentos inusitados,  corridas alucinadas rumo ao desconhecido, milhares de massagens relaxantes.
 
Só consegui pensar que viriam muitos beijos roubados debaixo da chuva e outros clichês baratos como entrar num quarto de hotel acompanhada,  derrubando abajures e outros objetos entre a porta e cama.
 
Só consegui pensar em todas as taças que seguraria com mãos trêmulas, bebericando em goles curtos e sem pressa sabores exóticos.
 
Só consegui pensar nos aromas que me levam para os mais variados tempos da minha vida. No inebriante cheiro do perfume exalando da pele suada depois de uma corrida sem muita razão de ser. Vivemos com pressa.
 
Só consegui pensar nos amores passados que ressurgirão aperfeiçoados nos futuros, no futuro. Só consegui pensar nas iguarias que degustaria, costelinha de porco ao molho barbecue, batatas coradas desmanchando-se na boca, raspa de arroz comida diretamente da panela, molho de pimenta sobre a comida insossa reconfigurando o paladar como uma emoção qualquer condimenta a alma.
 
Só consegui pensar nas minhas músicas favoritas e nas outras que eu ainda não conhecia e ouviria até a exaustão.
 
Só consegui pensar em teus olhos que encontram e fogem dos meus. Da tua boca que nega dizer meu nome. Nos beijos imaginários com gosto de Chandon bem gelado.
 
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
 
 

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