Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Sou alguém que realmente odeia móveis fixos. Existe uma incompatibilidade na expressão móveis fixos. Se são móveis deveriam se mover.
Por muitos anos olhei desdenhosa para o grande armário fixo em meu quarto. Este armário que inviabiliza qualquer mudança. Cama na mesma posição, tapete na mesma posição, armário fixo, na mesma posição. Tédio na mesma posição. Adoro aquelas camas com rodinhas que a gente chuta de um lado para o outro, dinamizando a vida. É preciso inverter , trocar, mudar a posição, ver as coisas por novos ângulos.
Andando no metrô, pensei na imobilidade do mundo: estantes imóveis, móveis feitos sob medida, a medida perfeita para uma determinada fase da vida. Pessoas imóveis. Pessoas incapazes de reformular conceitos, valores. Pessoas incapazes de lutar contra o estabelecido, incapazes de sair do arroz com feijão. Incapazes de suportar o gosto da pimenta sobre a comida caseira. Incapazes de ver além do trivial. Incapazes de flexionar ideias.
Quero gritar e chorar! Mas estou cansada demais para isso. Estou cansada de lutar sozinha. Estou cansada de tentar mostrar o óbvio. Estou cansada de dizer que tudo pode ser diferente, basta querer. Estou cansada de encontrar na chuva e no copo de vinho os únicos agentes móveis da minha vida.
Sou alguém que realmente odeia móveis fixos. Ideias sedimentadas.
Sou alguém que realmente odeia opiniões inflexíveis. Conservadorismo. Odeio mais ainda quem quer se mostrar de vanguarda , mas é mais conservador do que o maior defensor do conservadorismo. Ao conservador assumido, dedico a minha ironia. Ao conservador dissimulado, em pele de progressista, só posso dar o meu desprezo.
Sou alguém que odeia menus fechados, casais que fazem sexo sempre no mesmo dia da semana, pessoas que dizem "tudo bem" sem se importarem.
Sou alguém que odeia esta vida que nós dá rugas e cabelos brancos, mas tão pouca maturidade. Tão pouca alegria.
Sou alguém que realmente odeia móveis fixos. Existe uma incompatibilidade na expressão móveis fixos. Se são móveis deveriam se mover.
Por muitos anos olhei desdenhosa para o grande armário fixo em meu quarto. Este armário que inviabiliza qualquer mudança. Cama na mesma posição, tapete na mesma posição, armário fixo, na mesma posição. Tédio na mesma posição. Adoro aquelas camas com rodinhas que a gente chuta de um lado para o outro, dinamizando a vida. É preciso inverter , trocar, mudar a posição, ver as coisas por novos ângulos.
Andando no metrô, pensei na imobilidade do mundo: estantes imóveis, móveis feitos sob medida, a medida perfeita para uma determinada fase da vida. Pessoas imóveis. Pessoas incapazes de reformular conceitos, valores. Pessoas incapazes de lutar contra o estabelecido, incapazes de sair do arroz com feijão. Incapazes de suportar o gosto da pimenta sobre a comida caseira. Incapazes de ver além do trivial. Incapazes de flexionar ideias.
Quero gritar e chorar! Mas estou cansada demais para isso. Estou cansada de lutar sozinha. Estou cansada de tentar mostrar o óbvio. Estou cansada de dizer que tudo pode ser diferente, basta querer. Estou cansada de encontrar na chuva e no copo de vinho os únicos agentes móveis da minha vida.
Sou alguém que realmente odeia móveis fixos. Ideias sedimentadas.
Sou alguém que realmente odeia opiniões inflexíveis. Conservadorismo. Odeio mais ainda quem quer se mostrar de vanguarda , mas é mais conservador do que o maior defensor do conservadorismo. Ao conservador assumido, dedico a minha ironia. Ao conservador dissimulado, em pele de progressista, só posso dar o meu desprezo.
Sou alguém que odeia menus fechados, casais que fazem sexo sempre no mesmo dia da semana, pessoas que dizem "tudo bem" sem se importarem.
Sou alguém que odeia esta vida que nós dá rugas e cabelos brancos, mas tão pouca maturidade. Tão pouca alegria.
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas
Nenhum comentário:
Postar um comentário