quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Me perdoem os pacifistas, mas ter inimigos é fundamental

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Sim, ter inimigos é fundamental. Alguém de alma pura e bons valores poderia me mandar uma mensagem, me alertando para o equívoco do título: "Você não quis dizer que ter amigos é fundamental"?

Dizer que ter amigos é fundamental é o mesmo que dizer que levar um pé no traseiro dói pacas e que tem dias que a gente quer mandar pelo menos uns três à merda. Enfim, é o óbvio dançando balé clássico à nossa frente, com um sorriso insosso.

Sim, ter inimigos é fundamental. Não digo muitos. Ter muitos inimigos vira um problema. Na verdade , dois. Um de ordem prática e outro de ordem psicológica, que de certa forma, acaba se tornando prático também.

Problema 1: Alguém com muitos inimigos tem muitas portas fechadas. Problema 2: Se você tem muitos inimigos , de duas uma: ou você é muito Zé Encrenca ou é fodão demais. Se você é Zé Encrenca as pessoas se afastam com receio. Se você é o fodão se afastam também por receio.

Agora, ter uns dois ou três inimigos dá um chilli para a vida. Afinal de contas, para quem você vai exibir uma grande conquista? Para os amigos? Não! Não! Não! Não tem a menor graça contar conquistas para amigos. Amigo que é amigo gosta da gente de qualquer jeito. Amigo que é amigo quando vê a gente na sarjeta , na rua da amargura, nos compra uma coxinha e diz o quanto somos incríveis. O barato é arrumar um jeito para os inimigos ficarem sabendo.

Sim, um inimigo e um pontapé no traseiro são duas coisas horríveis que levam a algo bom: somos arremessados para a frente!

Os pacifistas que me perdoem, mas ter inimigos é fundamental. Nada mais perfidamente saboroso que olhar para a cara verde de inveja da oposição enquanto degustamos o nosso Martini Bianco mega gelado.







 

Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas

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