sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O manual do cuzão

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Se você é um cuzão e pretende aprimorar o seu jeito de viver na retranca, este post poderá ser bastante útil.

Como adoro a diversidade, não quero deixar este tipo que anda por aí aos montes necessitando de orientação e luz para viver.

Cuzões em geral não definem nada. Esperam para ver que bicho que vai dar, para cair do lado do muro que parece mais fofinho. Enfim, cuzões não tem atitude. Portanto se você quiser continuar sendo um cuzão, continue sem decidir porra nenhuma. Continue em cima do muro, deixando a vida te levar.

Cuzões que se sentem constrangidos por serem cuzões, tentam disfarçar a própria cuzice com discursos bonitinhos sobre uma vida mais alternativa, mais livre, mais isso, mais aquilo, mas na prática são tão conservadores quanto aqueles que se colocam como a patrulha da moral e dos bons costumes.

Cuzões pensam que o mundo é como é e que o melhor é se adequar, mesmo uivando de ódio por dentro. Cuzões se cagam de medo das emoções e se fecham por não saberem lidar com elas. Para se sentirem menos fracos, usam o discurso que analisam bem o território antes. Enfim, querem conferir um academicismo para a falta de ousadia.

Boa desculpa! As meninas e meninos incautos vão acreditar com certeza. E o melhor de tudo: te acharão uma pessoa profunda e complexa. Não conseguirão ver o penico imaginário que anda ao seu lado.

Cuzões são o que são. Só se entregam se tiverem todas as garantias de sucesso. Mas se "entregar" com todas as garantias não é entrega. Não é sucesso. É nada. 


 

Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas

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