segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Nossos lutos

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

 A morte do compositor e cantor David Bowie  me fez pensar em outra morte: a da cantora Whitney Houston. Você pode estar se perguntando: o que tem a ver o cu com as calças?  Deixa que eu explico.

David Bowie foi um símbolo forte na minha infância nos anos 1980. Sempre lembro dele no filme "Labirinto". E Whitney Houston, esta eu a conheci em 1987 , quando tinha 8 ou 9 anos...não sei se foi antes ou depois de junho ...a primeira música que ouvi se chama Didn't we almost have it all? Tocava na trilha internacional da novela Mandala. Para quem não sabe , esta novela se baseava na tragédia Édipo rei. E graças ao governo Sarney , a novela virou uma tragédia mesmo.

Mas voltando à Whitney Houston e às suas músicas , elas me acompanharam por toda a minha infância , adolescência , juventude e começo da minha maturidade. Ela morreu quando eu tinha 33, quase 34 anos. Nunca fui muito tiete de ninguém.

Mas naquele dia , quando soube da sua morte , chorei muito. Muito mesmo. Mas não chorei só por ela não. Chorei por mim também. É como se minha companheira de solidão e amores frustrados estivesse me deixando sozinha , sem ninguém para segurar a minha mão e alegrar um pouquinho o meu coração.

É como se um pouco da minha própria vida estivesse indo com ela...parece papo de louco, né? Mas foi assim que me senti enquanto soluçava copiosamente por todas as tristezas da vida reunidas simbolicamente para mim naquele único luto.

Em 1987 e 1988 , quase enlouqueci meu pai e meu irmão ouvindo Didn't we almost have it all? sem fones de ouvido. Naquele tempo era disco de vinil e eu a ouvia dezenas de vezes por dia , sonhando com o momento em que eu encontraria o amor.


Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas. 















Nenhum comentário:

Postar um comentário