quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Sobre escolhas e consequências: um ménage à trois com Sartre e Nietzsche

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
 

Finalmente de férias. Ontem apliquei a última prova e não precisarei ver atas por um bom tempo.
O clima ontem estava feio, bom para ficar em casa. Uma chuva tremenda. Até parecia uma metáfora do meu cansaço ou do estado de espírito dos alunos que chegaram com os olhos meio estatelados para fazer o exame.
 

No final, tudo se abrandou: tempestade, trovões e o ânimo dos estudantes. Passado o gabarito após a prova, os gritinhos de felicidade e alívio substituíram a trovoada. Abraços, beijos no rosto, olhares emocionados.
 

Sempre sou acometida por uma profunda nostalgia quando se encerra um semestre. Embora saiba que novos rostos virão no próximo ciclo, dizer adeus é sempre complexo.

 
Acho que não sabemos dizer adeus. Dizer adeus é renunciar a algo. Como diria Sartre, ao escolher algo, estamos necessariamente deixando outra coisa para trás. E como crianças mimadas que somos, queremos tudo ao mesmo tempo, aqui agora.

 
Queremos comer coisas deliciosas sem engordar, viver com autenticidade sem arcar com as consequências, desafiar o poder e sair ileso, se apaixonar profundamente e continuar livre, amar com intensidade sem se machucar.
 
Porém, não há nada mais delicioso e libertador quando finalmente conseguimos fazer a nossa escolha e aceitar com o coração leve que o que ficou para trás tem bem menos peso do que aquilo que está em nossas mãos.
 
Citando Sartre , mais uma vez, "viver é se equilibrar entre escolhas e consequências". Escolher é para os fortes. Os covardes se deixam levar.  Embora Sartre considerasse o não escolher uma modalidade de escolha. Sim, concordo. Uma modalidade menor, indigna de um texto. Indigna de um poema.

 
E encerrando o meu post de forma bem nietzschiana, aproveito para citar um artigo publicado na Folha de São Paulo, escrito pela neurocientista Suzana Herculano-Houzel  , sobre o sentido da vida.

 
Como a mãe dela a ensinou ainda na infância, o sentido da vida está nela mesma. Independente de qualquer crença, a beleza está nas experiências que vivemos, nos amores que amamos, na cumplicidade que trocamos.  E é isso que desejo a quem ler este post neste fim de ano: viva.

Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.

3 comentários:

  1. olá, comecei a seguir agora o Obvius e seu blog, vc tem pagina no facebook? Para mim é melhor para acompanhar. bjos

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    1. Tenho sim! Meu perfil pessoal é Sílvia Cristina Aguetoni Marques. Será adicionada com o maior prazer!

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    2. Tenho sim! Meu perfil pessoal é Sílvia Cristina Aguetoni Marques. Será adicionada com o maior prazer!

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