segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Repulsa ao palavrão: sintoma de uma sociedade hipócrita

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Hoje , me deparei com uma interessante pesquisa realizada em uma universidade dos Estados Unidos: a pesquisa afirma que pessoas que falam palavrões frequentemente têm um vocabulário mais amplo e compreendem melhor o significado das palavras. Puta que pariu. Amei a porra desta pesquisa do caralho RSRS

Piadas à parte, antes de entrar em contato com esta pesquisa, já tinha lido a respeito do poder do palavrão por meio de Millôr Fernandes e já havia experimentado na prática a delícia de encher a boca para falar um bom palavrão.

Sou contra palavrões em contextos de briga. Eles se tornam muito agressivos. Não gosto. Por outro lado, um palavrão em contextos variados pode realmente ser muito expressivo. Creio que já escrevi sobre isso no Garota desbocada.

Respeito quem não gosta de falar palavrões. Mas confesso que me enche o saco quando as pessoas fazem aquelas caras melindradas diante de um caralho. Caralho palavra...vale ressaltar para não criar ambiguidades eróticas. Tem gente que torce o nariz até para merda como se carregasse pétalas de rosas amarelas no intestino.

A represália em relação ao palavrão é só mais um sintoma da hipocrisia social. Do falso puritanismo. Da pseudo boa educação.

Muita gente atrasa mais de meia hora para um compromisso, mas acha um horror falar bosta.

Muita gente não honra suas dívidas, deixa de ir a compromissos sem cancelar, debocha dos outros, mas acha mal educado dizer cu rosa.

Muita gente manipula as pessoas, faz sexo por interesse, para subir na vida ou para passar o tempo, sem se importar com os sentimentos alheios, mas acha horrendo alguém que faz piadas quentes.

Palavrões em determinados contextos são lúdicos e denotam uma mente descontraída, criativa e sem milhares de preconceitos. 

Sim, o horror ao palavrão indica bem os nossos pontos cegos, as nossas zonas nebulosas, o nosso medo de encarar o que existe de mais espontâneo e brutal em nós mesmos.


Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.

3 comentários: