Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Dois filmes italianos que amo muito , mexem muito comigo no que diz respeito ás atrizes. Um deles é a coprodução ítalo-francesa Paixão de amor, dirigida por Ettore Scola. Na verdade, o nome do filme deveria ser amor apaixonado.
O outro se chama Não se mova e é uma coprodução ítalo-espanhola, dirigida e protagonizada por Sérgio Castellitto, marido da autora do livro que deu origem ao filme, Margaret Mazzantini.
No primeiro filme quem dá um show de interpretação é Valeria D'Obici . No segundo, a bola vez é a ultra sexy Penélope Cruz.
Duas desgraçadas. A primeira é uma mulher extremamente feia e doente. Creio que fosse histérica. Não sei...começa a gritar e a se debater do nada. O coração era fraco. O rosto horrendo. A mente refinada e culta e extremamente consciente do seu infortúnio.
A segunda era um daqueles tipos meio vulgares que mal reage a um estupro pois acredita que nasceu para isso mesmo, para ser a cloaca do mundo.
Duas mulheres que conhecem com maestria seus lugares no mundo. Ou melhor dizendo, a falta de lugar.
Valeria D'Obici recebeu um prêmio como melhor atriz italiana e Penélope Cruz me deixou de queixo caído.
Mulheres sofredoras demais são pratos cheios para as atrizes sensíveis e talentosas. A desgraça, o infortúnio das personagens são o grande lance de sorte das boas atrizes.
Uma das n frustrações da minha vida foi não ter interpretado a Martírio da peça A casa de Bernarda Alba, de García Lorca. Como diretora da montagem, precisei me sacrificar e abrir mão deste papel que tanto desejava em prol do trabalho como um todo.
Assumi Bernarda e depois de quebra, para compensar, Josefina, a insana e jovial mãe da déspota matriarca. Mas até hoje sinto vontade de pronunciar as frases de Martírio. Duas principalmente me acariciam o céu da boca até hoje.
Minha adaptação foi bem semiótica. Os personagens não foram caracterizados de acordo com o padrão da época. Eles eram caracterizados com a aparência de seus interiores. A mãe de Bernarda parece bem mais jovem do que ela. Angústia foi interpretada por um homem, Martírio usa uma roupa transparente porque é uma falsa moralista e Adela veste um traje de dançarina flamenca pois ela é sex appeal na veia.
Adoro quando Martírio diz à irmã caçula que ela ( Martírio) tem uma força muito má dentro dela, capaz de destruir tudo. Tão espanhol... Outro momento especial e caro para mim é quando ela afirma sempre ter sentido medo dos homens, mas que por sorte, Deus a fez feia , apartando-os definitivamente dela.
Como diretora , pedi à atriz para falar tais palavras com uma firmeza triste enquanto as desmentia com a postura. Que mulher hetero quer viver apartada dos homens? Estas criaturas vis e imundas que nos fazem chafurdar no mais abominável gozo?
Dois filmes italianos que amo muito , mexem muito comigo no que diz respeito ás atrizes. Um deles é a coprodução ítalo-francesa Paixão de amor, dirigida por Ettore Scola. Na verdade, o nome do filme deveria ser amor apaixonado.
O outro se chama Não se mova e é uma coprodução ítalo-espanhola, dirigida e protagonizada por Sérgio Castellitto, marido da autora do livro que deu origem ao filme, Margaret Mazzantini.
No primeiro filme quem dá um show de interpretação é Valeria D'Obici . No segundo, a bola vez é a ultra sexy Penélope Cruz.
Duas desgraçadas. A primeira é uma mulher extremamente feia e doente. Creio que fosse histérica. Não sei...começa a gritar e a se debater do nada. O coração era fraco. O rosto horrendo. A mente refinada e culta e extremamente consciente do seu infortúnio.
A segunda era um daqueles tipos meio vulgares que mal reage a um estupro pois acredita que nasceu para isso mesmo, para ser a cloaca do mundo.
Duas mulheres que conhecem com maestria seus lugares no mundo. Ou melhor dizendo, a falta de lugar.
Valeria D'Obici recebeu um prêmio como melhor atriz italiana e Penélope Cruz me deixou de queixo caído.
Mulheres sofredoras demais são pratos cheios para as atrizes sensíveis e talentosas. A desgraça, o infortúnio das personagens são o grande lance de sorte das boas atrizes.
Uma das n frustrações da minha vida foi não ter interpretado a Martírio da peça A casa de Bernarda Alba, de García Lorca. Como diretora da montagem, precisei me sacrificar e abrir mão deste papel que tanto desejava em prol do trabalho como um todo.
Assumi Bernarda e depois de quebra, para compensar, Josefina, a insana e jovial mãe da déspota matriarca. Mas até hoje sinto vontade de pronunciar as frases de Martírio. Duas principalmente me acariciam o céu da boca até hoje.
Não estou lindinha como Bernarda Alba?????
Como Josefa, mãe de Bernarda.
Minha adaptação foi bem semiótica. Os personagens não foram caracterizados de acordo com o padrão da época. Eles eram caracterizados com a aparência de seus interiores. A mãe de Bernarda parece bem mais jovem do que ela. Angústia foi interpretada por um homem, Martírio usa uma roupa transparente porque é uma falsa moralista e Adela veste um traje de dançarina flamenca pois ela é sex appeal na veia.
Adoro quando Martírio diz à irmã caçula que ela ( Martírio) tem uma força muito má dentro dela, capaz de destruir tudo. Tão espanhol... Outro momento especial e caro para mim é quando ela afirma sempre ter sentido medo dos homens, mas que por sorte, Deus a fez feia , apartando-os definitivamente dela.
Como diretora , pedi à atriz para falar tais palavras com uma firmeza triste enquanto as desmentia com a postura. Que mulher hetero quer viver apartada dos homens? Estas criaturas vis e imundas que nos fazem chafurdar no mais abominável gozo?
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
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