Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Hoje, conversei com uma querida ex-aluna, uma daquelas que faz o ofício de professora valer a pena. Contou-me meio triste que havia reprovado na disciplina que ela mais gostava, que ela mais entendia. Porém, naquele afã de investigar causas e efeitos , porquês subjacentes, esqueceu-se de decorar datas e nomes.
Sim, é este tipo de "saber" que está sendo priorizado por nossa educação. Estamos preparando executores de sistemas, reprodutores de informações estanques.
Estamos preparando para o mercado de trabalho, para exercer com maestria o papel de fazer enriquecer uns poucos.
Estamos preparando profissionais mais ou menos, pessoas medianas para não dizer medíocres. Pessoas incapazes de protagonizar sua própria vida.
A intelectualidade, tão rejeitada e desprezada em nossa sociedade, apresenta a mais vital função de todas: formar pessoas pensantes, que interagem e escrevem a sua história. Que atuam na linha de frente da vida, conscientes das suas mazelas e irreverentes diante da mera reprodução alienada de ideias e sistemas. Concordo com Descartes: "Penso, logo existo". Uma mente não pensante transforma a vida humana em uma subvida, em uma vida menor, menos expressiva, desprovida de sentido pois a pessoa simplesmente vive à mercê dos ciclos biológicos, num determinismo típico dos animais irracionais.
Porém, respire fundo antes de entrar pelo caminho da intelectualidade. Como falei à minha ex-aluna, escolher a intelectualidade é escolher a solidão. Você poderá gostar de muitas pessoas, mas vai se sentir realmente á vontade perto de pouquíssimas.
Você pode até nutrir um carinho forte pelos amigos de infância, mas dificilmente fará parte da vida deles. Você pode até conversar com muitas pessoas, mas vai se comunicar realmente com quase ninguém.
O mundo vai ficar colorido, mas ao mesmo tempo, você não terá companhia para apreciar e usufruir das belezas que você está descobrindo. Seus livros e filmes se tornarão suas melhores companhias. Você falará sozinho e quando tiver a chance de conversar com uma pessoa que faça sua mente saltitar e seus olhos brilharem, se sentirá como alguém que toma um copo de água fresca depois de ter atravessado um deserto.
Hoje, conversei com uma querida ex-aluna, uma daquelas que faz o ofício de professora valer a pena. Contou-me meio triste que havia reprovado na disciplina que ela mais gostava, que ela mais entendia. Porém, naquele afã de investigar causas e efeitos , porquês subjacentes, esqueceu-se de decorar datas e nomes.
Sim, é este tipo de "saber" que está sendo priorizado por nossa educação. Estamos preparando executores de sistemas, reprodutores de informações estanques.
Estamos preparando para o mercado de trabalho, para exercer com maestria o papel de fazer enriquecer uns poucos.
Estamos preparando profissionais mais ou menos, pessoas medianas para não dizer medíocres. Pessoas incapazes de protagonizar sua própria vida.
A intelectualidade, tão rejeitada e desprezada em nossa sociedade, apresenta a mais vital função de todas: formar pessoas pensantes, que interagem e escrevem a sua história. Que atuam na linha de frente da vida, conscientes das suas mazelas e irreverentes diante da mera reprodução alienada de ideias e sistemas. Concordo com Descartes: "Penso, logo existo". Uma mente não pensante transforma a vida humana em uma subvida, em uma vida menor, menos expressiva, desprovida de sentido pois a pessoa simplesmente vive à mercê dos ciclos biológicos, num determinismo típico dos animais irracionais.
Porém, respire fundo antes de entrar pelo caminho da intelectualidade. Como falei à minha ex-aluna, escolher a intelectualidade é escolher a solidão. Você poderá gostar de muitas pessoas, mas vai se sentir realmente á vontade perto de pouquíssimas.
Você pode até nutrir um carinho forte pelos amigos de infância, mas dificilmente fará parte da vida deles. Você pode até conversar com muitas pessoas, mas vai se comunicar realmente com quase ninguém.
O mundo vai ficar colorido, mas ao mesmo tempo, você não terá companhia para apreciar e usufruir das belezas que você está descobrindo. Seus livros e filmes se tornarão suas melhores companhias. Você falará sozinho e quando tiver a chance de conversar com uma pessoa que faça sua mente saltitar e seus olhos brilharem, se sentirá como alguém que toma um copo de água fresca depois de ter atravessado um deserto.
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
Texto antigo, mas com a qualidade ainda preservada durante os anos. Encontrar pessoas que também escolheram — se é que pode ser chamado de escolha — o caminho da intelectualidade me passa uma distante, porém boa sensação de companhia. Obrigado Sílvia!
ResponderExcluir