Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Sim, me enchi de romances pequeno burgueses. Romances com gosto extremamente doce e enjoativo de groselha. Romances com jeitão de filme bobo da sessão da tarde, que com apenas cinco minutos , sabemos que a mocinha bonitinha com cara de frígida vai se casar e ser feliz para sempre com o bonitão metrossexual.
Sim, me enchi de romances pequeno burgueses. Romances com gosto de comida de rotisserie. Carne suína, bovina, aves...tudo com o mesmo molho por cima e textura de isopor.
Sim, me enchi de romance industrializado, sem personalidade, com cara de passeio no shopping center sábado à tarde. Com cheiro de pipoca amanteigada na fila do cinema para ver filmes familiares.
Sim, me enchi de romances com cara de comercial de margarina. O pessoal acordando feliz, sorridente, numa harmonia de dar nos nervos.
Sim, me enchi de romance de grife. Lindas fotos nas redes sociais acompanhadas por frases pseudo poéticas e a torre Eiffel ao fundo para compensar as transas malfadadas em algum quarto acanhado.
Sim, me enchi de romance exportação. Sim, exportação. Bonito para os outros. Uma merda para a gente.
Me enchi das cafonices dos romances da classe mérdia. Tediosos almoços de domingo com toda a família. Sempre tem um tio ou primo que faz uma piadinha sem sal: "Cuida bem da minha sobrinha/prima. Viu? Tô de olho, hein?" Falam essa merda enquanto destratam sua parceira.
Me enchi deste lance brega de aliança de compromisso, festa de noivado e os terríveis dilemas que envolvem uma festa de casamento, além das absurdas despesas. Me enchi deste lance de mozão, mozinho e mais um monte de mimimi que a gente fala para oficializar o desejo.
Relações convencionais são o abismo do amor como já diria Nelson Rodrigues. Aquilo que tinha gosto de purpurina , de repente vira um cachorro quente frio.
A gente começa dançando na chuva, no escuro, com um estranho e de repente toda a libido vai parar na questão que não quer calar: carpaccio de salmão ou carpaccio de carne? Pasteizinhos de queijo brie ou de camarão? O que os nossos 207 convidados vão preferir? Salmão é mais chique, mas tia Cotinha não gosta de salmão. O noivo prefere o queijo brie e a noiva o camarão. A noiva decide ceder em favor do noivo até lembrar que tinha Titinha é alérgica a camarão. Ai!!!!!!!!!!!!!! Dá vontade de cortar os pulsos e sangrar lentamente numa gigante banheira de hidromassagem fazendo massagem no cóccix.
Sim, a libido vai para a lista de presentes. Vai para o tipo de flor que vai decorar a igreja. Vai para o quarteto de violinos e as daminhas de honra vestidas como mini adultinhas.
Sim, a libido vai para o insípido álbum de fotografias, para o buffet , para os vídeos dos noivos pegando insolação em alguma praia paradisíaca do Nordeste ou tomando vinho em algum restaurante da moda.
A libido vai para os novos móveis do apartamento novo que vai ser pago em mil anos. Enfim, a libido sai correndo para todos os lados, menos para o parceiro amoroso.
Só não entendo por que vejo isso só hoje...
Sim, me enchi de romances pequeno burgueses. Romances com gosto extremamente doce e enjoativo de groselha. Romances com jeitão de filme bobo da sessão da tarde, que com apenas cinco minutos , sabemos que a mocinha bonitinha com cara de frígida vai se casar e ser feliz para sempre com o bonitão metrossexual.
Sim, me enchi de romances pequeno burgueses. Romances com gosto de comida de rotisserie. Carne suína, bovina, aves...tudo com o mesmo molho por cima e textura de isopor.
Sim, me enchi de romance industrializado, sem personalidade, com cara de passeio no shopping center sábado à tarde. Com cheiro de pipoca amanteigada na fila do cinema para ver filmes familiares.
Sim, me enchi de romances com cara de comercial de margarina. O pessoal acordando feliz, sorridente, numa harmonia de dar nos nervos.
Sim, me enchi de romance de grife. Lindas fotos nas redes sociais acompanhadas por frases pseudo poéticas e a torre Eiffel ao fundo para compensar as transas malfadadas em algum quarto acanhado.
Sim, me enchi de romance exportação. Sim, exportação. Bonito para os outros. Uma merda para a gente.
Me enchi das cafonices dos romances da classe mérdia. Tediosos almoços de domingo com toda a família. Sempre tem um tio ou primo que faz uma piadinha sem sal: "Cuida bem da minha sobrinha/prima. Viu? Tô de olho, hein?" Falam essa merda enquanto destratam sua parceira.
Me enchi deste lance brega de aliança de compromisso, festa de noivado e os terríveis dilemas que envolvem uma festa de casamento, além das absurdas despesas. Me enchi deste lance de mozão, mozinho e mais um monte de mimimi que a gente fala para oficializar o desejo.
Relações convencionais são o abismo do amor como já diria Nelson Rodrigues. Aquilo que tinha gosto de purpurina , de repente vira um cachorro quente frio.
A gente começa dançando na chuva, no escuro, com um estranho e de repente toda a libido vai parar na questão que não quer calar: carpaccio de salmão ou carpaccio de carne? Pasteizinhos de queijo brie ou de camarão? O que os nossos 207 convidados vão preferir? Salmão é mais chique, mas tia Cotinha não gosta de salmão. O noivo prefere o queijo brie e a noiva o camarão. A noiva decide ceder em favor do noivo até lembrar que tinha Titinha é alérgica a camarão. Ai!!!!!!!!!!!!!! Dá vontade de cortar os pulsos e sangrar lentamente numa gigante banheira de hidromassagem fazendo massagem no cóccix.
Sim, a libido vai para a lista de presentes. Vai para o tipo de flor que vai decorar a igreja. Vai para o quarteto de violinos e as daminhas de honra vestidas como mini adultinhas.
Sim, a libido vai para o insípido álbum de fotografias, para o buffet , para os vídeos dos noivos pegando insolação em alguma praia paradisíaca do Nordeste ou tomando vinho em algum restaurante da moda.
A libido vai para os novos móveis do apartamento novo que vai ser pago em mil anos. Enfim, a libido sai correndo para todos os lados, menos para o parceiro amoroso.
Só não entendo por que vejo isso só hoje...
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
Texto exatamente com você promete: politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Gostei da transição dos romances burgueses para o casamento burguês. Será que a libido voltou após a fim das despesas do casamento e da quitação do apartamento?
ResponderExcluirBoa pergunta! RSRS Fico imaginando se é possível ter uma ereção depois de aguentar horas a fio de cafonice RSRS
Excluir