Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Esta época do ano é muita propícia para se pensar em convenções. O Natal, festa tipicamente cristã, é a que gera mais lucros para o comércio. Em segundo lugar vem o dia das mães.
No lugar da missa, das orações e da comemoração modesta ( cristãos, principalmente católicos valorizam a modestidade, o prazer servido em fatias finíssimas, saboreado com parcimônia e prudência) alojaram-se a orgia alimentar, o excessivo gasto com presentes, luzes piscando para todos os lados como uma espécie de ícone estridente de uma vida exuberante e frenética.
Admiro os cristãos convictos que celebram a data com modestidade da mesma forma que admiro os não cristãos que não o comemoram por não dizer respeito às suas vidas.
O cristão convicto que passa duas horas em pé em uma igreja assistindo à missa, sem saber, tem uma forte conexão com aquele não cristão que passa o Natal comendo sushi e vendo Netflix. Ambos vivem suas crenças de forma honesta. Ambos são o que são. Não se rendem às tradições. Não fazem ou deixam de fazer porque todos fazem. Suas ações não são vazias. São transbordantes de significado.
Viver à parte das convenções e dos clichês é para poucos. A sociedade nos empurra constantemente para a modorra do não ser. Quase tudo que fazemos é desprovido de autenticidade e energia. Fazemos porque é preciso ser feito. Deixamos de fazer porque nos disseram que não pode ser feito.
São raros os momentos em que nos conectamos com a gente mesmo. Por isso mesmo tais momentos são tão preciosos.
Não existe nada mais profundo do que fazer o que se quer e mergulhar sem pudores no nosso mais autêntico eu. Às vezes, precisamos da ajuda do outro para encontrarmos a nós mesmos. Às vezes, precisamos do outro para confessar o inconfessável, para enxergar e entender o óbvio, aceitar o inevitável, nos render a nós mesmos e a tudo aquilo de mais subjacente e intolerável.
O amor é o avesso de todas as convenções pois ele tem regras próprias e não se submete a nada que seja externo. O amor é incoerente, espontâneo, histérico e esquizofrênico. Porque ele quer e não quer ao mesmo tempo. Porque ele acaricia e se declara batendo. Porque ele se manifesta cheio de fúria e desespero. Sim, este amor menor e vital, que nos arrasta para tudo aquilo que tememos, talvez, provavelmente seja o nosso maior e mais especial insight. Talvez tenhamos vindo ao mundo só para vive-lo. Talvez seja a única coisa que justifique esta merda toda sem sentido.
Esta época do ano é muita propícia para se pensar em convenções. O Natal, festa tipicamente cristã, é a que gera mais lucros para o comércio. Em segundo lugar vem o dia das mães.
No lugar da missa, das orações e da comemoração modesta ( cristãos, principalmente católicos valorizam a modestidade, o prazer servido em fatias finíssimas, saboreado com parcimônia e prudência) alojaram-se a orgia alimentar, o excessivo gasto com presentes, luzes piscando para todos os lados como uma espécie de ícone estridente de uma vida exuberante e frenética.
Admiro os cristãos convictos que celebram a data com modestidade da mesma forma que admiro os não cristãos que não o comemoram por não dizer respeito às suas vidas.
O cristão convicto que passa duas horas em pé em uma igreja assistindo à missa, sem saber, tem uma forte conexão com aquele não cristão que passa o Natal comendo sushi e vendo Netflix. Ambos vivem suas crenças de forma honesta. Ambos são o que são. Não se rendem às tradições. Não fazem ou deixam de fazer porque todos fazem. Suas ações não são vazias. São transbordantes de significado.
Viver à parte das convenções e dos clichês é para poucos. A sociedade nos empurra constantemente para a modorra do não ser. Quase tudo que fazemos é desprovido de autenticidade e energia. Fazemos porque é preciso ser feito. Deixamos de fazer porque nos disseram que não pode ser feito.
São raros os momentos em que nos conectamos com a gente mesmo. Por isso mesmo tais momentos são tão preciosos.
Não existe nada mais profundo do que fazer o que se quer e mergulhar sem pudores no nosso mais autêntico eu. Às vezes, precisamos da ajuda do outro para encontrarmos a nós mesmos. Às vezes, precisamos do outro para confessar o inconfessável, para enxergar e entender o óbvio, aceitar o inevitável, nos render a nós mesmos e a tudo aquilo de mais subjacente e intolerável.
O amor é o avesso de todas as convenções pois ele tem regras próprias e não se submete a nada que seja externo. O amor é incoerente, espontâneo, histérico e esquizofrênico. Porque ele quer e não quer ao mesmo tempo. Porque ele acaricia e se declara batendo. Porque ele se manifesta cheio de fúria e desespero. Sim, este amor menor e vital, que nos arrasta para tudo aquilo que tememos, talvez, provavelmente seja o nosso maior e mais especial insight. Talvez tenhamos vindo ao mundo só para vive-lo. Talvez seja a única coisa que justifique esta merda toda sem sentido.
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
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