Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Já comi comida baiana em uma aula que dei sobre Cultura, Comunicação e Mídia. Farofa com abobara, carne seca, muita pimenta e afeto. Caruru. Cachaça temperada. Desta só aspirei o cheiro com um biquinho de menina mimada pois estava tomando Rivotril na época. E não queria ficar mais louca do que já sou normalmente.
Hoje, outra turma, outro semestre, outro curso, outra disciplina, comi sushi às dez da manhã. O fechamento com chave de ouro de um ensaio fotográfico sobre cultura japonesa.
Olhei para a minha mesa de professora encostada na lousa, servindo de apoio para as iguarias.
O que não se aprende na prática, a teoria não resolve.
A Cultura e a Semiótica não estão aprisionadas nos livros como Rapunzel no alto da torre, esperando que a salvação venha de fora.
Os livros e a teoria são ferramentas essenciais de trabalho. Mas sem vivência, sem o embate do dia a dia, sem o corpo a corpo, sem pegar a câmera na mão e sair por aí imprimindo o nosso olhar sobre o mundo, tudo se resume a decoreba e tédio.
Sem sair por aí fazendo poesia em cima da vida, sem sair por aí experimentando novos olhares, mastigando saberes, se atirando em abismos de possibilidades, a teoria é só teoria e tudo se resume a tempo perdido e bocejos.
É preciso comer sushi às dez da manhã, farofa com abobara e carne seca a qualquer hora do dia e da noite. É preciso degustar a vida como a mais perfumada e temperada das cachaças sem medo de engasgar ou ficar tonto.
É preciso riscar o verniz das aparências, olhar de frente o que se esconde por detrás das máscaras, despi-las uma por uma, sem dó nem piedade, furiosamente como quem arranca as cascas de uma cebola.
É preciso contrariar o tédio, desafiá-lo, chamá-lo para um drink ainda de manhã.
É preciso pronunciar o impronunciável. Dizer o indizível. Criar palavras novas para sentimentos velhos e resgatar palavras velhas para novos sentimentos.
É preciso olhar nos olhos sem medo de mostrar a que veio. Nem calar o que se sente no peito. É preciso sorver até á última gota de tudo que realmente importa.
Já comi comida baiana em uma aula que dei sobre Cultura, Comunicação e Mídia. Farofa com abobara, carne seca, muita pimenta e afeto. Caruru. Cachaça temperada. Desta só aspirei o cheiro com um biquinho de menina mimada pois estava tomando Rivotril na época. E não queria ficar mais louca do que já sou normalmente.
Hoje, outra turma, outro semestre, outro curso, outra disciplina, comi sushi às dez da manhã. O fechamento com chave de ouro de um ensaio fotográfico sobre cultura japonesa.
Olhei para a minha mesa de professora encostada na lousa, servindo de apoio para as iguarias.
O que não se aprende na prática, a teoria não resolve.
A Cultura e a Semiótica não estão aprisionadas nos livros como Rapunzel no alto da torre, esperando que a salvação venha de fora.
Os livros e a teoria são ferramentas essenciais de trabalho. Mas sem vivência, sem o embate do dia a dia, sem o corpo a corpo, sem pegar a câmera na mão e sair por aí imprimindo o nosso olhar sobre o mundo, tudo se resume a decoreba e tédio.
Sem sair por aí fazendo poesia em cima da vida, sem sair por aí experimentando novos olhares, mastigando saberes, se atirando em abismos de possibilidades, a teoria é só teoria e tudo se resume a tempo perdido e bocejos.
É preciso comer sushi às dez da manhã, farofa com abobara e carne seca a qualquer hora do dia e da noite. É preciso degustar a vida como a mais perfumada e temperada das cachaças sem medo de engasgar ou ficar tonto.
É preciso riscar o verniz das aparências, olhar de frente o que se esconde por detrás das máscaras, despi-las uma por uma, sem dó nem piedade, furiosamente como quem arranca as cascas de uma cebola.
É preciso contrariar o tédio, desafiá-lo, chamá-lo para um drink ainda de manhã.
É preciso pronunciar o impronunciável. Dizer o indizível. Criar palavras novas para sentimentos velhos e resgatar palavras velhas para novos sentimentos.
É preciso olhar nos olhos sem medo de mostrar a que veio. Nem calar o que se sente no peito. É preciso sorver até á última gota de tudo que realmente importa.
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
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