domingo, 22 de novembro de 2015

O corpo nu

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Em poucos dias, meu primeiro romance estará disponível no formato ebook. Apesar de já ter sete livros individuais  publicados e trabalhos lançados em mais sete obras, confesso que ter o primeiro romance publicado mexe comigo. 

Tudo bem. Entre 2001 e 2002 dois romances meus ficaram disponíveis em uma editora online. Mas não é a mesma coisa. Eles ficaram hospedados num site pouco conhecido. As pessoas podiam baixá-lo gratuitamente. Não, não é a mesma coisa.

O corpo nu, meu primeiro romance vem sido escrito no decorrer da minha vida. É um sonho quase tão antigo quanto eu mesma.

Decidi que queria ser escritora aos 11 anos de idade e quando uma pré-adolescente resolve ser escritora , não se imagina escrevendo livros didáticos ou sobre cinema espanhol. Eu queria mesmo era escrever um romance. 

Passava os finais de semana fechada em meu quarto, escrevendo compulsivamente em meus cadernos, com meus garranchos.  Achava que aos 11 anos, em poucos dias escreveria um romance digno de ser publicado. 

Não sabia que demoraria tanto para produzir um romance que realmente dissesse as minhas verdades, mesmo que parcialmente. 

No meu íntimo, adoraria ter dado um final niilista à desventurada Beatriz. Não por maldade. Pelo contrário. Queria um final niilista pois me parece mais fiel à realidade, mais maduro literariamente falando, mais possível dentro do meu atual conjunto de (des)crenças.

Todo final feliz é um campo minado para mim. Não sei descrever a felicidade amorosa pois não a conheço. E diante toda frase que escrevo sobre um amor bem-sucedido, sinto vontade de consultar quem é feliz no amor ( se é que existe mesmo)  para saber se a minha construção parece verossímil. "É assim mesmo?" "Descrevi bem a realidade?" Detesto escrever sobre aquilo que não entendo. É um misto de ingenuidade arrogante com falta de profissionalismo. 

Mas como Jane Austen, resolvi fornecer à minha heroína patética a generosidade que não recebi da vida. Tive pena de Beatriz. Talvez, por Beatriz ainda apresentar uma gota da pureza que me faz pensar em mim mesma há pouco tempo. Ou eu salvava Beatriz agora ou estaria tudo perdido para ela. 

Sim, Beatriz estará muito bem quando chegar a palavra FIM. Depois, não posso garantir mais nada pois ela não estará mais sob a minha custódia. 



Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.

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