segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Mais merda do que o permitido pela vigilância sanitária

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Quanto mais passa o tempo, menos saco eu tenho para teatrinhos de quinta categoria e joguinhos sociais enfadonhos. Nunca gostei deles, mas hoje posso assumir claramente meu horror diante da ação performática de algumas pessoas mascaradas.

Sou atriz e adoro representar outras vidas e realidades sobre um palco ou até mesmo no meio de um círculo em sala de aula.  Gosto de reinventar a minha própria vida com toques hiperbólicos, jogando uma lupa em cada uma das minhas cicatrizes e fazendo toda a merda que me aconteceu parecer ainda maior.

Mas gosto de representar quando as pessoas sabem que estou representando.  Considero a dinâmica social nojenta. A dinâmica social vivenciada pelas pessoas rasas, com suas mentes tacanhas envenenadas pelo senso comum, que professam banalidades com ares proféticos. Com ares de quem está falando alguma coisa que se aproveite.

Peço desculpas pela extrema sinceridade, mas a fala e estilo de vida de muitas pessoas não serve nem para limpar a bunda. A missão no mundo de um rolo de papel higiênico é mais honrosa e digna do que o bla blá blá de muita gente oca que veio ao mundo a passeio e para fazer figuração de babaca.

Me pergunto o que seria desta gente rasa e vazia, sem estilo, sem savoir faire se não existissem tantos padrões para seguir, tantas regrinhas imbecis.

Quem não tem personalidade e é incapaz de pensar com a própria cabeça precisa brincar a vida inteira mesmo de Siga o mestre. Fico imaginando quantas cabeças não mergulhariam num vaso cheio de bosta mole se as revistas de moda e as subcelebridades da TV começassem a divulgar que enfiar a cabeça na merda dá um brilho extra aos cabelos e que todas as pessoas bonitas da mídia estão adotando este hábito por ser legal. 

Em primeiro lugar, alguém poderia me definir o que é ser legal? Em segundo, como um ser teoricamente pensante pode adotar qualquer tipo de modismo sem entender o porquê dele?



Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.

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