Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Hoje , li um texto bem interessante na Obvious. Confesso que poucos textos mexem comigo porque sou bem exigente quando o assunto é literatura. Para falar a verdade, sou bem exigente com muitas coisas...muito mais exigente do que eu admito para mim mesma.
Criei o mito na minha cabeça de que sou mega simples e que um amor e uma cabana é tudo que eu quero e que para mim tudo está bom...blá blá blá...
Sei lá. Acho bonito gente modesta, que se contenta com pouco. Me parece nobre. Sim, estas pessoas que se alegram com qualquer coisa, me parecem mais evoluídas espiritualmente. E eu as admiro profundamente.
Sim, coisas pequenas me alegram. Sempre me lembro do meu contentamento quando era criança e meu pai trazia do trabalho um bloquinho de papel timbrado e uma caneta Bic. Aquele bloquinho me inspirava deliciosas brincadeiras de escritório.
Até mesmo hoje, basta saber que vai ter macarrão para eu ficar feliz. Sim, uma boa pratada de macarrão com uma taça de vinho me deixa bem contente. Uma chuvinha na hora de dormir. Um bom filme para ver debaixo do cobertor. Uma cervejinha com os amigos. Sim, coisas simples me tocam pra valer! Mas por outro lado, não me contento com amores meia boca, amizades mais ou menos, projetos profissionais toleráveis e uma vida mediana.
Não preciso de casa de campo ou apê na praia para ser feliz. Até mesmo porque ter um segundo imóvel pode criar muitos dissabores. Penso como a atriz francesa Juliette Binoche. Quanto mais simples for a vida, melhor vivemos.
Não preciso de carro do ano nem roupa de grife. Não sou um outdoor. Posso andar o ano inteiro com o mesmo tênis e fico de boa. Tenho roupas em meu armário há mais de vinte anos. É, acreditem se quiserem. Passava quase um mês na casa do meu ex-noivo com uma mala apenas.
Mas eu gosto de conforto sim. Eu gosto de ir a lugares em que sou bem tratada. Eu gosto de gente que me valoriza. Eu gosto de gente que olha nos meus olhos enquanto falo. O restaurante não precisa usar toalhas na mesa. Adoro aquele estilo Outback. Mas se tiver toalha, que seja limpa. Não sou de luxo não. Mas gosto de certas delicadezas.
Adoro comer arroz com ovo frito e carne moída com quiabo. Mas precisa estar bem feito. Quando bate aquela fome de peão, uma comidinha caseira para mim é o melhor. Mas curto experimentar comidas exóticas e tenho paladar para pratos sofisticados. Como afirma constantemente uma querida amiga, comida é cultura.
Me sinto bem tanto num barzinho simples como num restaurante de luxo. Me adequo à situação. No metrô, faço cara de trabalhadora. No táxi, bato papo com o motorista. Gosto de conversar com pessoas das mais variadas idades, orientações sexuais e níveis culturais e econômicos.
Acho que confundi ser eclética e adaptável com ser simples. Sim, sou uma pessoa eclética, que se adapta, mas não sou propriamente simples. Posso fingir que está tudo bem por mera educação. Mas internamente, prometo a mim mesma que nunca mais vou me sujeitar à determinadas situações. Costumo cumprir tais promessas.
Coloco meus amigos na classe executiva do meu avião. Mas se eles me colocam na econômica, não corro atrás. Já corri. Foi um mau hábito que deixei no passado.
Amo intensamente e para valer. Sem mas nem poréns. Dou o meu melhor e depois do fim sofro até não poder mais. Até me tornar a mais miserável das criaturas. Eu fico tão patética que eu chego a sentir pena de mim mesma. E como tenho senso de humor, às vezes, rio do meu sofrimento.
Mas após um tempo, acabo descobrindo que a relação não daria certo mesmo porque não aceito pessoas que titubeiam diante dos sentimentos, que oferecem migalhas de afeto. Comigo é tudo ou nada. Ou eu deslumbro completamente o homem amado ou prefiro que ele vá embora e nunca mais olhe na minha cara. Radical demais? Sim, sou. Em tempos de amores lights, a minha frase pode soar calórica demais. Me desculpem. Não me importo de chocar os civilizados que bebem chá com seus exs.
Não existe relação possível entre duas pessoas que falaram sobre amor. Vi isto num filme e adorei. Não dá para virar amigo de quem jurou nos amar para sempre e depois se foi. E eu sinceramente tô cagando aos montes se me acham imatura por isso. Adoro esta expressão "cagando aos montes". Estava esperando uma oportunidade para usá-la!
Não, não sou simples. Sou eclética. E posso ser o que quiser nos braços de um homem, contanto que ele me dê a sua alma.
Mas voltando ao texto da Obvious...ele me inspirou a escrever este monte de coisas porque o autor ao falar sobre pessoas que cortam relações do nada ( o famoso e cruel ghosting) acabou se assumindo como uma pessoa que foge de relacionamentos.
Embora a atitude em si não seja louvável, a sinceridade para assumir o erro foi demais! Acho que tá faltando gente para dar mais a cara à tapa. Para se expor. Para dizer: "Meu, eu não sei o porquê, mas eu faço cagada mesmo", "Eu sou um bosta", "Fuja de mim se você não tiver titica de galinha na cabeça".
Um texto assim, uma confissão rasgada pode confortar muito mais a alma do que textos melosos. Tô cansada de autoajuda. Tô precisando de gente que jogue merda no ventilador, que jogue merda na nossa cara. Que faça a gente encarar a merda, sentir o cheiro. A vida não é um conto de fadas. Não existem príncipes nem princesas. E sim garotos que fazem bosta e garotas desbocadas.
Hoje , li um texto bem interessante na Obvious. Confesso que poucos textos mexem comigo porque sou bem exigente quando o assunto é literatura. Para falar a verdade, sou bem exigente com muitas coisas...muito mais exigente do que eu admito para mim mesma.
Criei o mito na minha cabeça de que sou mega simples e que um amor e uma cabana é tudo que eu quero e que para mim tudo está bom...blá blá blá...
Sei lá. Acho bonito gente modesta, que se contenta com pouco. Me parece nobre. Sim, estas pessoas que se alegram com qualquer coisa, me parecem mais evoluídas espiritualmente. E eu as admiro profundamente.
Sim, coisas pequenas me alegram. Sempre me lembro do meu contentamento quando era criança e meu pai trazia do trabalho um bloquinho de papel timbrado e uma caneta Bic. Aquele bloquinho me inspirava deliciosas brincadeiras de escritório.
Até mesmo hoje, basta saber que vai ter macarrão para eu ficar feliz. Sim, uma boa pratada de macarrão com uma taça de vinho me deixa bem contente. Uma chuvinha na hora de dormir. Um bom filme para ver debaixo do cobertor. Uma cervejinha com os amigos. Sim, coisas simples me tocam pra valer! Mas por outro lado, não me contento com amores meia boca, amizades mais ou menos, projetos profissionais toleráveis e uma vida mediana.
Não preciso de casa de campo ou apê na praia para ser feliz. Até mesmo porque ter um segundo imóvel pode criar muitos dissabores. Penso como a atriz francesa Juliette Binoche. Quanto mais simples for a vida, melhor vivemos.
Não preciso de carro do ano nem roupa de grife. Não sou um outdoor. Posso andar o ano inteiro com o mesmo tênis e fico de boa. Tenho roupas em meu armário há mais de vinte anos. É, acreditem se quiserem. Passava quase um mês na casa do meu ex-noivo com uma mala apenas.
Mas eu gosto de conforto sim. Eu gosto de ir a lugares em que sou bem tratada. Eu gosto de gente que me valoriza. Eu gosto de gente que olha nos meus olhos enquanto falo. O restaurante não precisa usar toalhas na mesa. Adoro aquele estilo Outback. Mas se tiver toalha, que seja limpa. Não sou de luxo não. Mas gosto de certas delicadezas.
Adoro comer arroz com ovo frito e carne moída com quiabo. Mas precisa estar bem feito. Quando bate aquela fome de peão, uma comidinha caseira para mim é o melhor. Mas curto experimentar comidas exóticas e tenho paladar para pratos sofisticados. Como afirma constantemente uma querida amiga, comida é cultura.
Me sinto bem tanto num barzinho simples como num restaurante de luxo. Me adequo à situação. No metrô, faço cara de trabalhadora. No táxi, bato papo com o motorista. Gosto de conversar com pessoas das mais variadas idades, orientações sexuais e níveis culturais e econômicos.
Acho que confundi ser eclética e adaptável com ser simples. Sim, sou uma pessoa eclética, que se adapta, mas não sou propriamente simples. Posso fingir que está tudo bem por mera educação. Mas internamente, prometo a mim mesma que nunca mais vou me sujeitar à determinadas situações. Costumo cumprir tais promessas.
Coloco meus amigos na classe executiva do meu avião. Mas se eles me colocam na econômica, não corro atrás. Já corri. Foi um mau hábito que deixei no passado.
Amo intensamente e para valer. Sem mas nem poréns. Dou o meu melhor e depois do fim sofro até não poder mais. Até me tornar a mais miserável das criaturas. Eu fico tão patética que eu chego a sentir pena de mim mesma. E como tenho senso de humor, às vezes, rio do meu sofrimento.
Mas após um tempo, acabo descobrindo que a relação não daria certo mesmo porque não aceito pessoas que titubeiam diante dos sentimentos, que oferecem migalhas de afeto. Comigo é tudo ou nada. Ou eu deslumbro completamente o homem amado ou prefiro que ele vá embora e nunca mais olhe na minha cara. Radical demais? Sim, sou. Em tempos de amores lights, a minha frase pode soar calórica demais. Me desculpem. Não me importo de chocar os civilizados que bebem chá com seus exs.
Não existe relação possível entre duas pessoas que falaram sobre amor. Vi isto num filme e adorei. Não dá para virar amigo de quem jurou nos amar para sempre e depois se foi. E eu sinceramente tô cagando aos montes se me acham imatura por isso. Adoro esta expressão "cagando aos montes". Estava esperando uma oportunidade para usá-la!
Não, não sou simples. Sou eclética. E posso ser o que quiser nos braços de um homem, contanto que ele me dê a sua alma.
Mas voltando ao texto da Obvious...ele me inspirou a escrever este monte de coisas porque o autor ao falar sobre pessoas que cortam relações do nada ( o famoso e cruel ghosting) acabou se assumindo como uma pessoa que foge de relacionamentos.
Embora a atitude em si não seja louvável, a sinceridade para assumir o erro foi demais! Acho que tá faltando gente para dar mais a cara à tapa. Para se expor. Para dizer: "Meu, eu não sei o porquê, mas eu faço cagada mesmo", "Eu sou um bosta", "Fuja de mim se você não tiver titica de galinha na cabeça".
Um texto assim, uma confissão rasgada pode confortar muito mais a alma do que textos melosos. Tô cansada de autoajuda. Tô precisando de gente que jogue merda no ventilador, que jogue merda na nossa cara. Que faça a gente encarar a merda, sentir o cheiro. A vida não é um conto de fadas. Não existem príncipes nem princesas. E sim garotos que fazem bosta e garotas desbocadas.
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
"E posso ser o que quiser nos braços de um homem, contanto que ele me dê a sua alma." Esse comentário ficou tão sensual e insano.Haha! Juro que tentei colocar sentimentalismos no sentido. Foi tipo: " Não quero mais o seu coração. Quero sua alma". Acompanhado com um sorriso de canto de boca. Haha! É como eu digo quando me falam de sexo casual: "Se for pra foder, que seja de corpo e alma".
ResponderExcluirMas,sobre o texto, eu realmente adoro quando ele é mais "desbocado".E quando o autor excreta suas insanidades jogando tudo ao vento. Acredito que as pessoas tenham mais afinidades com as loucuras. Eu particularmente adoro! Autores que conseguem ir no fundo e no ponto mais insano do ser humano. Para mostrar suas verdades, nua e crua. De mostrar seu sangue pintado numa grande tela branca. Do que seguir um modelo padrão de auto ajuda.
RSRSRS Mas usei alma no sentido de coração mesmo...coração + cabeça+ tudo de importante que uma pessoa possa me oferecer. Obviamente , em troca daria a minha alma também, que inclui minha presença magnética RSRS Concordo com as suas palavras a respeito de textos mais insanos. Acho que só apenas quem se expõe , consegue atingir verdadeiramente o coração ou a alma do outro!
ResponderExcluirAdorei!!! "Amo intensamente e para valer. Sem mas nem poréns." Sou dessas tb! Bjoks
ResponderExcluirAmar sem mas nem poréns exige um coração forte! Eu que o diga RS
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