segunda-feira, 14 de março de 2016

Apague a luz e me deixe ser sua inspiração

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
 
Apague a luz ou pelo menos jogue um lenço de seda sobre a cúpula do abajur. E à meia-luz deixe que eu te conduza por uma estrada imaginária de inspiração. Prometo não largar a tua mão pelo meio do caminho. Nem te deixarei chegar perto demais de algum abismo.
 
Mas se me desafiar a me atirar de algum, aceito me jogar junto contigo em busca de novas paragens. Novas paisagens. Novas palavras. Uma amiga muito querida , quase uma filha, disse-me que hoje é o dia da poesia. E com aquele tipo de sorriso e suspiro que apenas as pessoas realmente bondosas têm, alegrou-se por ter me encontrado justamente nesta data, que para nós é mais do que festiva.  
 
Às vezes, a vida se faz suave e amena. Quase nos esquecemos de todas as tragédias e num piscar de olhos, o nosso mundo interior cabe no coração do outro e tudo se torna paz, encontro,  livre como uma poesia de versos brancos, fatalista quanto uma poesia de métrica rígida.
 
Quando poetas se encontram, podemos ver através dos olhos do outro um pouco da nossa própria história. Lá no fundo, há uma história apenas com detalhes ficcionais diferentes. Lá no fundo, todo poeta de verdade possui uma alma rasgada que ele carrega nos olhos. Nos mesmos olhos que sorriem com um brilho triste ao se lembrarem de que hoje é o dia da poesia.
 
Como disse um amigo muito querido, quase um genro, amadurecer é aceitar a própria melancolia.  Este mesmo amigo ressaltou-me o poder da inspiração. Quando inspiramos o outro do jeito mágico que não podemos inspirar a nós mesmos, a vida ganha um outro sentido.
 
Sim, a vida se torna poesia e não importa se ela tem versos livres ou rígidos. Não importa se podemos inspirar só aos outros enquanto permanecemos no escuro , deitados no chão do banheiro, choramingando baixinho.   Como diria a música " Resposta ao tempo"..." amores terminam no escuro sozinhos". Com os poetas não é muito diferente.
 
 

 
 
 

Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas. 








 
 
 
 
 
 
 

2 comentários:

  1. A escritora deixa a sua alma nas entrelinhas. E a cada palavra que a gente ler ela toma o nosso corpo. E unificados podemos sentir na pele os sentidos e os sentimentos. Damos confiança e deixamos ela nos guiar pelas suas histórias em seus caminhos cheios de mistérios. E nos faz dançar na sensualidade de um tango, uma música imaginária que só nós podemos ouvir. Nos faz sentir o sabor doce e suave de um vinho enquanto observamos a chuva molhar o vidro da janela. E nos aconchega num abraço quando consegue traduzir nas palavras o que o coração diz. A escritora nos dar seus sentimentos e sua alma. E nós, o corpo para absorver cada sensação.

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  2. Vc é uma poeta e tanto , menina! Onde está o seu blog?

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