quinta-feira, 17 de março de 2016

Carol...ou apenas amor

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
 
 
Hoje vi o filme "Carol", com a desconcertante Cate Blanchet fazendo o papel de uma mulher que precisa escolher entre a guarda da filha e assumir a sua homossexualidade. Enfim, escolher entre o maior amor da vida dela e ser ela mesma.
 
Se nos dias atuais tem gente que torce o nariz para os homossexuais, imaginem nos anos 1950?
 
Embora o fato de Carol ser homossexual seja determinante para o desenrolar da trama, não consegui ver esta obra como um filme sobre a homossexualidade. Para mim é apenas um filme sobre o amor. 
 
Sobre a perplexidade do primeiro encontro visual. Sobre a timidez do primeiro almoço compartilhado. Sobre o constrangimento poético ou alegria confusa do primeiro esbarrar de mãos quase acidental. Sobre o medo do primeiro beijo...reticente e tépido. Sobre o calor eufórico e meio ensandecido de tudo que vem depois. Sobre o início do amor, tão puro, tão limpo de mágoas e lembranças tristes, tão livre de fantasmas rondando pela relação. Sobre a separação forçada e dolorosa. Sobre o reencontro, melancólico e profundo.
 
Carol e Terry se amam. E qualquer mulher que já tenha amado um homem e qualquer homem que já tenha amado uma mulher tem condições de saber que não há nada de tão absurdo entre Carol e Terry. É só amor. E quando elas finalmente fazem sexo, não há nada de tão bizarro entre Carol e Terry. Mais uma vez, é só amor.
 
Um amor que precisa gemer baixinho num mundo em que as pessoas não conseguem reconhecer os sons afetivos. Apenas os da conveniência e poder.
 
 
 
 

Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas. 








 
 
 
 
 
 
 
 

3 comentários:

  1. Carol e A Garota Dinamarquesa foram dos filmes que eu amei assistir. Mas, Carol trouxe um amor delicado e forte ao mesmo tempo. Amei a trilha sonora, o figurino e o filme. Mas, algo me fez para pra pensar. Eu havia assistido "O leitor", no mesmo dia antes de ir assistir "Carol". Você lembra da cena em que o Michael vai visitar a Hanna na prisão? Aí, ele vai embora e deixa ela esperando. Ele poderia ter dado um rumo diferente na história dela. Ele sabia da verdade que poderia ajudar ela. Porém, por orgulho foi embora. Quando eu fui assistir Carol e na cenas finais ela manda o recado pra Terry a encontrar no restaurante, pré juguei que veria novamente uma cena de orgulho. E que ela deixaria a Carol e iria ficar com outra moça. Porém, ela resolve voltar e ir atrás do seu amor. E finalizar com aquele olhar hipnotizante da Carol. Adorei! Muito bom o filme.

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  2. Eu também senti em "Carol" esta delicadeza misturada à força. O filme tem um erotismo profundo, sem exagerar na dose. Achei interessante a relação que vc estabeleceu com "O leitor". Acho dois filmes bem diferentes, embora ambos retratem um amor marcado pelo preconceito social.

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  3. Eu fiz uma análise de "Carol" com "O Leitor" depois daquela tua postagem: "Amor é Amor... e que ele venha." Eu vi um amor orgulhoso da parte de Michael. Ele não teve a coragem pra contar que conhecia a Hanna. Diferente de Carol e Terry. Que tiveram que enfrentar uma separação, a guarda da filha da Carol, o machismo e o preconceito da época. E mesmo assim foram até o fim.

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