sexta-feira, 22 de abril de 2016

Amor

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
 
 
Nunca entendi e nem quis entender esta história de deixar o amor para depois, dentro do micro-ondas para ser aquecido em um noite fria qualquer ou no fundo de uma gaveta mofando com o tempo.
 
Nunca entendi nem quis entender esta história de deixar o amor para lá por estar ocupada demais. Nunca entendi quem vira as costas para o amor e o deixa falando sozinho na sala.
 
Nunca entendi nem quis entender esta história de abandonar o amor sozinho, passando frio na cama.
 
Sempre cheguei três milênios antes dos encontros que marquei com o amor. Sempre cheguei com os pés descalços , as mãos desarmadas, o rosto lavado e levado, um leve rubor na face.
 
Sempre cheguei com aquele ar de desamparo. De quem não tem para onde fugir. E nem quer. Não, nunca quis fugir do amor. Mesmo quando eu achava que queria. Nunca pude encontrar a porta de saída.
 
Sempre lancei um olhar a mais para o amor. Um olhar se rompendo como uma renda muito fina, se rompendo como as carnes que estremecem,que fremem e tremem. Como a alma que se rasga, como a alma que se despetala de euforia, de desesperada alegria.
 
Saio nua pela noite , debaixo de uma chuva morna de carícias e bebo do teu vinho proibido. Não temo mais nada. Me guio pelo cheiro da tua pele.  Estou totalmente rendida e como a mesma renda fina que se parte quando te vejo , meus olhos se desfazem.
 
A chuva continua a molhar a minha pele e já não sei de mais nada...não sei...não sei... esqueci tudo que sabia...não quero saber. Sorrio sentindo teu gosto ainda em mim.
 
 
 

 



Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas. 






 
 
 
 
 
 
 

Um comentário:

  1. O amor é aquele perfume que fica na nossa pele. E que de vez em quando conseguimos sentir a essência. E que faz a memória resgatar todas as outras lembranças dos sentidos. O toque das mãos, o calor da pele, o timbre da voz e o sabor do beijo que assim como o vinho, podemos classificar entre o seco e o suave. O amor é corpo e alma.E tudo mais que te faça transbordar.

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