Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Talvez, uma das sensações mais prosaicamente prazerosas é comprar um livro numa banca de jornal e sair pela rua , sentindo o contato da sacolinha plástica enquanto se aspira o cheiro de cigarro de alguém que passa, enquanto se lembra do gosto do pastel comido uma hora antes , ao redor de uma mesinha qualquer disposta de forma improvisada na calçada suja.
Talvez , uma das sensações mais prosaicamente prazerosas, seja chegar em casa, depois de ter se misturado a todas as nuances da cidade, entre o cheiro engordurado de comida, restos de suor escamoteados por perfumes baratos e de vez em quando um realmente agradável. Cheiro de bom ar no táxi. O calor da própria pele.
E ao chegar em casa, o prazer de retirar o livro da sacolinha plástica e iniciar a leitura depois de um bom banho e uma taça de vinho gelado, com a memória viscosa dos odores da cidade.
A cada página virada , a cada citação que nos faz parar para pensar durante toda uma vida, a cada gole de vinho entre um espanto e um espasmo, a vida interior vai ganhando mais cores e gritos do aquela ocorrida lá fora , entre as buzinas e os transeuntes que falam, fumam e gesticulam.
Talvez, não haja sensação mais prosaicamente e profundamente prazerosa do que trazer para dentro de casa resquícios do mundo de fora, traços da cidade, adaptá-los à nossa realidade, subjetiva e fragmentada.
Me comove pensar que o livro que apoio em meu peito , extenuada pela leitura, esteve há poucas horas numa prateleira qualquer como um volume indigente. Me comove ver sobre a mesa da cozinha , junto com os utensílios domésticos, a familiar garrafa térmica , a bandejinha de isopor com dois sonhos ou alguns bem casados comprados numa padaria do bairro, depois de enfrentar uma boa fila no caixa.
Sinto tais objetos , como que resgatados do anonimato e da indiferença, para o seio grande e afetuoso da minha casa.
Ás vezes, me sinto eu mesma este seio que aconchega no meu âmago tudo aquilo que vou trazendo dos quatro cantos...guloseimas, livros seminais em edições de bolso, dvds jogados em gôndulas como roupas de quinta categoria, sorrisos, meias palavras, afetos esgarçados , memórias quase amareladas, promessas de uma outra vida.
Talvez, uma das sensações mais prosaicamente prazerosas é comprar um livro numa banca de jornal e sair pela rua , sentindo o contato da sacolinha plástica enquanto se aspira o cheiro de cigarro de alguém que passa, enquanto se lembra do gosto do pastel comido uma hora antes , ao redor de uma mesinha qualquer disposta de forma improvisada na calçada suja.
Talvez , uma das sensações mais prosaicamente prazerosas, seja chegar em casa, depois de ter se misturado a todas as nuances da cidade, entre o cheiro engordurado de comida, restos de suor escamoteados por perfumes baratos e de vez em quando um realmente agradável. Cheiro de bom ar no táxi. O calor da própria pele.
E ao chegar em casa, o prazer de retirar o livro da sacolinha plástica e iniciar a leitura depois de um bom banho e uma taça de vinho gelado, com a memória viscosa dos odores da cidade.
A cada página virada , a cada citação que nos faz parar para pensar durante toda uma vida, a cada gole de vinho entre um espanto e um espasmo, a vida interior vai ganhando mais cores e gritos do aquela ocorrida lá fora , entre as buzinas e os transeuntes que falam, fumam e gesticulam.
Talvez, não haja sensação mais prosaicamente e profundamente prazerosa do que trazer para dentro de casa resquícios do mundo de fora, traços da cidade, adaptá-los à nossa realidade, subjetiva e fragmentada.
Me comove pensar que o livro que apoio em meu peito , extenuada pela leitura, esteve há poucas horas numa prateleira qualquer como um volume indigente. Me comove ver sobre a mesa da cozinha , junto com os utensílios domésticos, a familiar garrafa térmica , a bandejinha de isopor com dois sonhos ou alguns bem casados comprados numa padaria do bairro, depois de enfrentar uma boa fila no caixa.
Sinto tais objetos , como que resgatados do anonimato e da indiferença, para o seio grande e afetuoso da minha casa.
Ás vezes, me sinto eu mesma este seio que aconchega no meu âmago tudo aquilo que vou trazendo dos quatro cantos...guloseimas, livros seminais em edições de bolso, dvds jogados em gôndulas como roupas de quinta categoria, sorrisos, meias palavras, afetos esgarçados , memórias quase amareladas, promessas de uma outra vida.
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
Enquanto você caminha pela cidade, cá estava eu, nas águas do Caribe desvendando assassinatos nas histórias da Agatha Christie. Terminar um livro em dois dias é como fazer uma maratona na Netflix. É incontrolável ficar só num capítulo. E sempre queremos ver o próximo e o próximo. E quando nos damos conta acabamos a temporada ou o livro. E temos que aguardar angustiada pela próxima temporada. Eu admito! Sou uma viciada em histórias e maratonas.
ResponderExcluirAcho que vc é uma viciada em frenesi rsrs
ResponderExcluirCéus!! Alguém soube me dar um diagnóstico correto e coerente. Nos últimos exames o resultado era apenas insanidade, uma loucura moderada. Hahaha! :D
ResponderExcluirrsrsrsrsrsrsrs
Excluirrsrsrsrsrsrsrs
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