segunda-feira, 30 de maio de 2016

Estação Liberdade

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Costumamos nos encontrar na estação Liberdade. Entre as feirinhas típicas do bairro, nos perdemos  na comodidade de um ponto em comum. Sim, é tranquilo para nós dois desembarcar na estação Liberdade. E da estação ao restaurante basta alguns passos. Basta um pouco de cuidado para não esbarrar em nenhuma das bancas da feira.
Dentro de qualquer um daqueles restaurantes que servem comida fartamente, nos escondemos do mundo. Nos escondemos de tudo que nos espera do lado de fora, quando desembarcarmos em outra estação.
Na Praça liberdade somos apenas nós. Você e eu compactados como o arroz e o salmão no niguiri.  Não somos filhos de ninguém. Não temos família nem endereço nem nome. Somos apenas nós. Você e eu nos buscando desajeitadamente como o macarrão oriental comido com rachi.
Na Praça Liberdade não temos pressa. Passamos por entre as bancas. Paramos na de jornal. Olhamos para o fluxo que entra e sai como se aquilo não nos dissesse respeito. Como se nunca fosse preciso pegar o trem e partir para longe.
Na estação Liberdade, a vida tem gosto de molho soyo. Sim, a vida tem sabor ,  a gente a devora com vontade. Depois dá uma sede danada. A vida tem um gosto bem particular: euforia , romantismo, liberdade. Só nos damos conta de que tinha gosto de saudade depois...quando já não estamos mais na estação.



Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas. 















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