Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
A vida é curiosa e estranha. Hoje estamos felizes, sorrindo por bobagem. Sorrindo porque podemos ver uma série do Netflix sem ninguém nos aborrecer. Porque podemos dormir uma hora a mais.
Amanhã , estamos novamente felizes, mas por um motivo grandioso. Depois , ficamos tristes do nada ou por algum motivo grave.
Um dia , escrevo sobre o vazio de existir , sobre a tragédia de ser arremessado a um mundo caótico e sem sentido. Um dia , escrevo sobre status quo, amores perdidos , ilusões vãs, egos dilacerados.
Em outros , tudo que me vem à telha são as mesquinharias banais do dia a dia. É a ira sentida por quase cair da escada rolante do metrô porque um infeliz ficou teclando no celular e não percebeu que a escada acabou. É ...é bem por aí! Para terminar de ler uma mensagem, quase quebra o pescoço das pessoas que vem atrás. Mas o que são algumas vidas diante da necessidade de curtir a amiga brega fazendo selfie com uma micro saia e beicinho de cu, encostada no guarda-roupa?
Em dias como hoje sinto uma necessidade urgente e quase insana de destilar o meu veneno sobre aqueles que se apressam em entrar primeiramente no metrô e depois ficam abestalhados e paralisados como estátuas de cera sem saber em qual cadeira botar o bundão. Uma grande dúvida... Enquanto obstruem a nossa passagem, outras pessoas vão ocupando os lugares restantes. O mais irritante desta situação é que o cuzão indeciso , por estar numa posição privilegiada, normalmente pega um lugar depois de nos ter impedido de pegar . Dá vontade de gritar: "Puta que pariu! Senta de uma vez! É só uma cadeira , não com quem você vai casar! Se bem que casamentos hoje em dia podem ser menos importantes do que a escolha de um assento...eu , por exemplo, adoro sentar na janelinha...piadas à parte.
Em dias como hoje , sinto quase um desespero para criticar os infelizes que param à esquerda da escada rolante. No metrô , ou andam rapidamente demais , empurrando a todos ou se parecem lesmas com seus celulares. Ou ainda modelos desfilando pela passarela da vida. Eu não entendo o porquê de pessoas perfeitamente saudáveis precisarem andar tão devagar... respeito muito quem precisa se locomover com dificuldade por motivos físicos , mas se arrastar porque não tem alteridade para seguir o fluxo é um grande saco.
Se uma pessoa tem capacidade para teclar e andar ao mesmo tempo, ok. Se não tem, faça uma escolha: tecle ou ande. Sim, a vida é feita de escolhas. E parece bem sensato escolher não ser um chato.
Como sou limitada em termos de coordenação motora , opto por usar meu celular quando já estou com minha bunda devidamente instalada em um dos assentos não preferenciais ou agarrada a um dos postes para não ser jogada longe quando o metrô freia.
Sim, sou ansiosa. Sim, sou estressada. Sou paulistana e perdemos horas no trânsito. Sim, grande parte de nossas vidas vai para o ralo e não há nada mais precioso do que o tempo. Estamos quase sempre no limite da paciência e quando perdemos um vagão porque alguém ficou no lugar errado da escada rolante ou quando somos obrigados a andar quase dez estações em pé , carregando peso ( não se esqueçam que precisamos levar guarda-chuva e agasalho todos os dias) o pouco da nossa cortesia vai por água abaixo. Grosseria? Diria , cansaço. Um profundo cansaço que pode ser quase tão trágico quanto às mais intricadas questões da alma.
A vida é curiosa e estranha. Hoje estamos felizes, sorrindo por bobagem. Sorrindo porque podemos ver uma série do Netflix sem ninguém nos aborrecer. Porque podemos dormir uma hora a mais.
Amanhã , estamos novamente felizes, mas por um motivo grandioso. Depois , ficamos tristes do nada ou por algum motivo grave.
Um dia , escrevo sobre o vazio de existir , sobre a tragédia de ser arremessado a um mundo caótico e sem sentido. Um dia , escrevo sobre status quo, amores perdidos , ilusões vãs, egos dilacerados.
Em outros , tudo que me vem à telha são as mesquinharias banais do dia a dia. É a ira sentida por quase cair da escada rolante do metrô porque um infeliz ficou teclando no celular e não percebeu que a escada acabou. É ...é bem por aí! Para terminar de ler uma mensagem, quase quebra o pescoço das pessoas que vem atrás. Mas o que são algumas vidas diante da necessidade de curtir a amiga brega fazendo selfie com uma micro saia e beicinho de cu, encostada no guarda-roupa?
Em dias como hoje sinto uma necessidade urgente e quase insana de destilar o meu veneno sobre aqueles que se apressam em entrar primeiramente no metrô e depois ficam abestalhados e paralisados como estátuas de cera sem saber em qual cadeira botar o bundão. Uma grande dúvida... Enquanto obstruem a nossa passagem, outras pessoas vão ocupando os lugares restantes. O mais irritante desta situação é que o cuzão indeciso , por estar numa posição privilegiada, normalmente pega um lugar depois de nos ter impedido de pegar . Dá vontade de gritar: "Puta que pariu! Senta de uma vez! É só uma cadeira , não com quem você vai casar! Se bem que casamentos hoje em dia podem ser menos importantes do que a escolha de um assento...eu , por exemplo, adoro sentar na janelinha...piadas à parte.
Em dias como hoje , sinto quase um desespero para criticar os infelizes que param à esquerda da escada rolante. No metrô , ou andam rapidamente demais , empurrando a todos ou se parecem lesmas com seus celulares. Ou ainda modelos desfilando pela passarela da vida. Eu não entendo o porquê de pessoas perfeitamente saudáveis precisarem andar tão devagar... respeito muito quem precisa se locomover com dificuldade por motivos físicos , mas se arrastar porque não tem alteridade para seguir o fluxo é um grande saco.
Se uma pessoa tem capacidade para teclar e andar ao mesmo tempo, ok. Se não tem, faça uma escolha: tecle ou ande. Sim, a vida é feita de escolhas. E parece bem sensato escolher não ser um chato.
Como sou limitada em termos de coordenação motora , opto por usar meu celular quando já estou com minha bunda devidamente instalada em um dos assentos não preferenciais ou agarrada a um dos postes para não ser jogada longe quando o metrô freia.
Sim, sou ansiosa. Sim, sou estressada. Sou paulistana e perdemos horas no trânsito. Sim, grande parte de nossas vidas vai para o ralo e não há nada mais precioso do que o tempo. Estamos quase sempre no limite da paciência e quando perdemos um vagão porque alguém ficou no lugar errado da escada rolante ou quando somos obrigados a andar quase dez estações em pé , carregando peso ( não se esqueçam que precisamos levar guarda-chuva e agasalho todos os dias) o pouco da nossa cortesia vai por água abaixo. Grosseria? Diria , cansaço. Um profundo cansaço que pode ser quase tão trágico quanto às mais intricadas questões da alma.
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.