sábado, 27 de agosto de 2016

A vida é poesia macabra de versos pervertidos

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
 

 
 Ás vezes, a gente se cansa. Se cansa mesmo. Se cansa pra valer. Se cansa até sentir a alma desfalecer, desmaiar pelos becos da cidade , sem se importar com as consequências. Sem se importar com tudo aquilo que já passou ou com aquilo que está por vir.
 
Às vezes , ficamos tão cansados que nem imaginamos que seja capaz chegar algo novo. E ficar estirado no chão, no abandono, parece o mais natural, o mais confortável.
 
Às vezes, a gente sai por aí, pulando e rindo e dançando com a alma e fazendo piadas bobas e tecendo a vida com fios dourados , jogando tintas de cores variadas nas telas em branco que são os rostos dos desconhecidos que passam por nós.
 
Às vezes, a gente canta uma canção qualquer e tira alguém para dançar. Ás vezes, a gente dedilha num piano imaginário e esculpe a vida com as próprias mãos enquanto segura um pincel na boca.
 
Às vezes, é tudo prosa e poesia. Ás vezes, é tudo melodia. Ás vezes, tudo explode em cores e gostos e a plateia fica em pé para aplaudir cada um dos nossos gestos.
 
Ás vezes, a gente derruba a taça com vinho tinto na toalha branca e nem liga. Em outras vezes, choramos as lágrimas mais amargas.
 
Viver é dividir-se entre os às vezes. É saltar do melhor ao pior ou do pior ao melhor num piscar de olhos.
 
Uma manhã estranha pode sequestrar a alegria da noite anterior  e uma noite bizarra pode fazer a tarde feliz perder o sentido. Um simples sorriso seu pode ressignificar tudo e em um olhar eu posso perder tudo que eu pensava saber.
 
Saímos embriagados por nossas falsas verdades pelos labirintos do mundo, tentando recriar alguma poesia por meio da nossa ironia. Por meio da nossa incapacidade de acreditar em felicidade, quase ficamos alegres e rimos e nos olhamos mais uma vez.
 
 

 
 


Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas. 
 
 

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