terça-feira, 16 de agosto de 2016

A face mais viva do amor

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS


Digam o que quiserem. Pensem o que são capazes de elaborar no tumulto de suas mentes tranquilamente vazias. Na beleza pasteurizada de seus corações politicamente corretos.
 
Cada emoção combinando com cada situação. Raiva moderada. Ódio nunca. Amor por tudo e todos. Amor vazio. Carinho fashion. Estou de boa. Não guardo mágoa. Eu sou mais eu.
 
Tenho emoções desordenadas. A beleza e o caos convivem lado a lado, mãos dadas, dedos entrelaçados , olhos nos olhos. Às vezes, um olhar de amor. Ás vezes , um olhar de ódio...o que dá quase no mesmo.
 
O ódio é só a face descabelada do amor. É quando o amor se esquece de fazer a toalete e sai por aí com uma meia de cada cor , cabelos sem pentear , pijamas surrados, sentimentos esgarçados de tanto sentir.  
 
O olhar de ódio é o olhar de amor injetado e cheio de ramelas. O olhar de ódio tem um quê a mais. O olhar de ódio tem as garras de uma paixão furiosa que se perde no olhar de amor.
 
O olhar de ódio é o olhar de amor carregado de irreverência e indignação. É o amor protesto, que sai às ruas loucamente para gritar ao mundo suas verdades insanas, seus direitos que apenas quem ama/odeia acredita ter.
 
O olhar de ódio é o ápice do olhar de amor. É o superlativo, a hipérbole. É o amor desprovido de ternura , de carinho. É o amor em seu estado mais bruto e brutal. É o amor sem subterfúgios.  
 
Não diga que me ama se nunca me odiou, pelo menos um pouquinho. Uma colherinha de chá de fel na xícara do café.
 
Não diga que me ama se nunca colou teus lábios aos meus cheio de horror, cheio de garras e gana de despedaçar meu coração ao meio e depois comê-lo, para nunca mais me perder, para nunca mais me ver sumindo na multidão, com um sorriso frio nos lábios e um ardor incompreensível na alma.
 





Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas. 



 










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