Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Tenho uma melancolia. A melancolia típica daqueles que são exilados. Pertenço a muitos lugares e a nenhum.
Em minha alma , dançam lembranças atávicas de tempos muito remotos que me arrastam para terras que nem sei se um dia eu pisei em meus pensamentos.
Tenho uma melancolia. A melancolia típica daqueles que não pertencem nem a si mesmos. Vago pelos corredores da alma e vejo mil fragmentos espalhados em estilhaços de espelhos. Sorrio para mim mesma , tentando seduzir-me , tentando me levar para qualquer lugar morno e brando...mentira! Gosto da intensidade. Sou só uma possível verdade de mim mesma quando sou arrastada para um abismo qualquer...
E como todo ser inconsequente , olho-o nos olhos. Flerto com o vazio. Deixo que ele me tire para dançar. Não temo o nada. Nem o escuro. Simplesmente danço. Rosto colado. Sou uma exilada. Nunca estou totalmente em casa.
Escrevo versos rasgados que em vão tentam me costurar, me enredar numa teia de palavras mais exiladas do que este rosto que me olha fixo e penetrante por meio do espelho.
Tenho uma melancolia. A melancolia típica daqueles que são exilados. Pertenço a muitos lugares e a nenhum.
Em minha alma , dançam lembranças atávicas de tempos muito remotos que me arrastam para terras que nem sei se um dia eu pisei em meus pensamentos.
Tenho uma melancolia. A melancolia típica daqueles que não pertencem nem a si mesmos. Vago pelos corredores da alma e vejo mil fragmentos espalhados em estilhaços de espelhos. Sorrio para mim mesma , tentando seduzir-me , tentando me levar para qualquer lugar morno e brando...mentira! Gosto da intensidade. Sou só uma possível verdade de mim mesma quando sou arrastada para um abismo qualquer...
E como todo ser inconsequente , olho-o nos olhos. Flerto com o vazio. Deixo que ele me tire para dançar. Não temo o nada. Nem o escuro. Simplesmente danço. Rosto colado. Sou uma exilada. Nunca estou totalmente em casa.
Escrevo versos rasgados que em vão tentam me costurar, me enredar numa teia de palavras mais exiladas do que este rosto que me olha fixo e penetrante por meio do espelho.
Sílvia Marques é professora doutora , escritora, atriz e psicanalista lacaniana. Escreve na Obvious e Fãs da Psicanálise, idealizadora da pós em Cinema do Complexo FMU. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
www.psicanalistasilviamarques.com
ficção e realidade
ResponderExcluirMINUTOS DE PAZ
Quintino de Quadros Vieira
“Na avenida Bias Fortes, o menino de sete anos, pés no chão e roupas surradas, fica alguns minutos parado diante da fachada da loja, admirado com tanto brilho. Não pronuncia sequer uma palavra e depois, como se estivesse despertado de um sonho, desaparece entre os carros, ao ver a imagem de um funcionário surgindo por trás da vidraça.” (jornal Estado de Minas, sábado, 13 de dezembro de 2003)
Faltavam quinze dias para o Natal de 2003. As vitrines das lojas do centro da capital mineira já estavam enfeitadas. O menino de rua cumpria sua função: arrecadar dinheiro para que os pais, desempregados há três anos, tivessem como comprar a comida da casa. O garoto de sete anos se esforçava. Os carros paravam no sinal e lá ia ele tentar a sorte grande. Porém, os vidros permaneciam todos fechados, inaudíveis. Os motoristas dos automóveis, que ficavam com suas janelas ao ar livre, eram aqueles que fumavam o seu cigarrinho e transpareciam o seu agradabilíssimo senso de humor.
O menor insistia. Sua flanelinha, meio limpa e meio suja, pousava sobre os vidros escuros dos carros, onde se encontravam famílias de seres humanos, abarrotadas de presentes natalinos. Até os veículos, que ignoravam o menino de rua, recebiam uma mãozinha do pedaço da flanela que ainda tinha condições de prestar serviço. A criança dobrava o seu pano e somente passava nos carros a parte limpa.
O sinal abriu. Os carros saíram em disparada. O garoto quase foi atropelado. Riscos da vida. Na calçada, depara-se com uma vitrine em que existe uma árvore de Natal. Parecia um sonho: escapar da morte e logo ver uma coisa tão bela. Suas luzes, suas bolas e suas fitas transmitiam paz. Ah... era a única coisa que ele queria: um momento de paz. Aquela árvore de Natal foi, por alguns minutos, a melhor fase da sua pequena vida. Meros instantes o hipnotizaram.
Vê uma sombra. Vem em sua direção. É Papai Noel?, pensa o garoto. Não... é apenas um empregado da loja, provavelmente assalariado, vindo assustá-lo para que saísse de frente da empreendimento comercial, como se ele pudesse quebrar a vidraça e roubar alguma coisa. Aquilo ali o tirava da sua realidade e o colocava no terreno da sua ficção. Ele acorda de seu sonho. Vermelho!, grita. É o sinal fechado. A sua rubra esperança de voltar com algo para casa.
Quintino de Quadros Vieira é somente escritor
www.serhumanodeverdade.blogspot.com
CONTO CURTO
ResponderExcluirEx-cada...
Escada Brasil Sociedade Anônima Multinacional - De tanto acumular subida e descida, quebrou as articulações e teve Lesão por Esforço Repetitivo (LER), até no cérebro... Mas optou por ser base de concreto do que latão comercializável...
Quarta-Feira, 15 novembro de 2017
Coletivus Urbanus
32º Psiu Poético em 2018
O Mais Longo Salão de Poesia do Brasil
Tema: A Máquina (“Memoráveis são as suas maravilhas” - Salmo 110, 10), sempre de 04 a 12 de outubro em escolas e colégios, praças públicas e no Centro Cultural desde 1986
39 Anos do Centro Cultural Hermes de Paula, da Galeria Godofredo Guedes e do Auditório Cândido Canela, Montes Claros, Norte Sertanejo de Minas Gerais
200 Anos de Nascimento de Carlos Marquês (1818-1883)
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A flor e o espinho, a alegria e a tristeza, o otimismo e o pessimismo no seu realismo mágico
ResponderExcluir"O que é o homem para fazeres tanto caso dele, para fixares tua atenção sobre ele, a ponto de examiná-lo a cada manhã e testá-lo a cada momento? Por que não paras de me espionar, deixando-me ao menos engolir a saliva? Caso eu tenha pecado, o que foi que eu te fiz? Espião da humanidade, por que me tomaste como alvo e me transformaste em peso para ti? Por que não perdoas o meu pecado e não afastas de mim a minha culpa? Olha! Logo eu me deitarei no pó: tu me procurarás tateando e eu não existirei mais."
Jó 7, 17-21
Eu pensei que você fosse uma pessoa boa. Com essa frase, ela se despediu dele de maneira peculiar e sincera. Ele fora bondoso durante três anos e seis meses. Nunca agiria assim tão espontaneamente com nenhuma mulher se aquele amor por ela não tivesse surgido tão naturalmente.
Ele parecia o espinho que queria a todo custo proteger a sua flor. Mas a sua flor sempre foi muito independente, apesar da carência afetiva e social. Ele não imaginava que espinhos tivessem ciúmes cancerígenos e cancerosos. Estaria em fase terminal?
O papel social e ambiental do espinho como de proteção da flor não permitia outro tipo de relacionamento. A relação estava fadada a uma obra divina da hierarquia amorosa. Até poderiam ser almas gêmeas, feitas uma para a outra, mas, na divisão internacional do trabalho do século XXI, papel social não inclui brechas na lei.
O espinho era bom enquanto protegia a sua flor. O espinho se rebelou. Foi tentar amá-lá e arranhou a relação talvez para sempre. Enquanto isso, a flor crescia em maturidade e o espinho se endurecia de dolorosa tristeza.
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