Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Ás vezes , eu penso que a sanidade pode ser uma merda. É gostoso reclamar , se vitimizar , declamar para o mundo a nossa tragédia em 507 versos...é meio prazeroso dizer o quanto não fomos amados nem compreendidos. Melhor ainda é acreditar nisso tudo se olhando no espelho, de esguelha, se sentindo tragicamente linda.
O sofrimento nos confere certa distinção. Mais do que isso: nos confere certa dignidade. A felicidade é banal, é coisa de gentinha comum, é coisinha de gente de inteligência mediana , aspirações medíocres e visão estreita. É coisa de gente sebosa que curte ver comédia romântica, que passa o final de semana naquele clima meio cafona de casal consolidado , que toma café na mesma xícara sem nenhuma intenção erótica. Toma na mesma xícara por preguiça mesmo de tirar o traseiro do sofá e pegar uma xícara na cozinha.
É coisa de casal consolidado com seus apelidinhos afetivos e broxantes. É coisa de mulher que usa calcinha bege com elástico frouxo. É coisa de homem que usa cueca meio encardida, que coça o saco na frente da parceira...mais uma vez, sem intenção erótica...é coisa de gente que encontrou seu lugar confortável no mundo. É coisa de gente que perdeu a vontade de criticar o mundo pois está mais interessada em comer bolo de chocolate e dormir abraçadinho depois de fazer um sexo pouco performático.
É coisa de gente que perdeu a vontade de viver grandes aventuras e defender causas homéricas porque está mais interessada em fazer uma churrascada com toda a família e se sentir em paz consigo mesmo. E optar por fazer farofa com banana ou arroz à grega pode ser o grande dilema do feriado.
Sim, se felicidade fosse comida, seria um bom prato de arroz com feijão e ovo frito. Ou carne moída com quiabo. Ou um pastel de feira. Um daqueles bem engordurados que a gente devora cheio de apetite , sem fazer pose , sem frescura.
Felicidade é café bebido em copo de requeijão, é bolo caseiro assado com amor, é bocejo no café da manhã, é chinelo de dedo com unhas sem fazer , é a cama desarrumada num domingo preguiçoso.
Felicidade soa tão brega como chamar o parceiro de mozão com a boca cheia de empadinha comprada na padaria da frente. Felicidade soa tão brega como encher o pescoço do mozão de filtro solar num dia calorento, recomendando a ele a importância do uso de um boné. Ou ainda acompanhá-lo ao dentista no meio de uma crise de canal.
Sim, pessoas felizes pensam e se importam com cáries , com o preço da carne , com as contas acumuladas na mesinha de cabeceira , com o serviço desastroso da TV a cabo, com o cachorro infernal do vizinho que não para de latir, com a geladeira que precisa ser trocada , com as compras do mês, com as roupas que precisam ser lavadas, com o presente que deve ser comprado para a sogra. Pessoas felizes perdem tempo decidindo se vão comprar bolo de chocolate com morango ou floresta negra. Pessoas felizes podem realmente se preocupar com o restaurante onde vão comemorar o aniversário de namoro. Pessoas felizes são banais.
Ás vezes , eu penso que a sanidade pode ser uma merda. É gostoso reclamar , se vitimizar , declamar para o mundo a nossa tragédia em 507 versos...é meio prazeroso dizer o quanto não fomos amados nem compreendidos. Melhor ainda é acreditar nisso tudo se olhando no espelho, de esguelha, se sentindo tragicamente linda.
O sofrimento nos confere certa distinção. Mais do que isso: nos confere certa dignidade. A felicidade é banal, é coisa de gentinha comum, é coisinha de gente de inteligência mediana , aspirações medíocres e visão estreita. É coisa de gente sebosa que curte ver comédia romântica, que passa o final de semana naquele clima meio cafona de casal consolidado , que toma café na mesma xícara sem nenhuma intenção erótica. Toma na mesma xícara por preguiça mesmo de tirar o traseiro do sofá e pegar uma xícara na cozinha.
É coisa de casal consolidado com seus apelidinhos afetivos e broxantes. É coisa de mulher que usa calcinha bege com elástico frouxo. É coisa de homem que usa cueca meio encardida, que coça o saco na frente da parceira...mais uma vez, sem intenção erótica...é coisa de gente que encontrou seu lugar confortável no mundo. É coisa de gente que perdeu a vontade de criticar o mundo pois está mais interessada em comer bolo de chocolate e dormir abraçadinho depois de fazer um sexo pouco performático.
É coisa de gente que perdeu a vontade de viver grandes aventuras e defender causas homéricas porque está mais interessada em fazer uma churrascada com toda a família e se sentir em paz consigo mesmo. E optar por fazer farofa com banana ou arroz à grega pode ser o grande dilema do feriado.
Sim, se felicidade fosse comida, seria um bom prato de arroz com feijão e ovo frito. Ou carne moída com quiabo. Ou um pastel de feira. Um daqueles bem engordurados que a gente devora cheio de apetite , sem fazer pose , sem frescura.
Felicidade é café bebido em copo de requeijão, é bolo caseiro assado com amor, é bocejo no café da manhã, é chinelo de dedo com unhas sem fazer , é a cama desarrumada num domingo preguiçoso.
Felicidade soa tão brega como chamar o parceiro de mozão com a boca cheia de empadinha comprada na padaria da frente. Felicidade soa tão brega como encher o pescoço do mozão de filtro solar num dia calorento, recomendando a ele a importância do uso de um boné. Ou ainda acompanhá-lo ao dentista no meio de uma crise de canal.
Sim, pessoas felizes pensam e se importam com cáries , com o preço da carne , com as contas acumuladas na mesinha de cabeceira , com o serviço desastroso da TV a cabo, com o cachorro infernal do vizinho que não para de latir, com a geladeira que precisa ser trocada , com as compras do mês, com as roupas que precisam ser lavadas, com o presente que deve ser comprado para a sogra. Pessoas felizes perdem tempo decidindo se vão comprar bolo de chocolate com morango ou floresta negra. Pessoas felizes podem realmente se preocupar com o restaurante onde vão comemorar o aniversário de namoro. Pessoas felizes são banais.
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
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