Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Há dois dias peguei um filme por acaso na TV5, canal francês. O filme era protagonizado por um Jean -Louis Trintignant de meia idade e uma Isabelle Huppert novinha , com cabelos curtos e o mesmo olhar magnético e impertinente de sempre.
A trama começou a me indignar na mesma proporção que me enredou, que me deixou ali sentada no sofá , com os olhos fixos na tela, indiferente à vida real.
Como um bom filme francês que se preze , Águas profundas , de 1981, está cagando e andando para a normalidade, para o politicamente correto, para o the end convencional. Acredito que os personagens protagonistas tiveram o seu final feliz , mas nada convencional. Ninguém casou ou foi promovido na empresa onde trabalha e dá um duro danado. O mundo não retribuiu com pétalas de rosas caindo do céu o esforço dos personagens. Não houve prêmio algum para parabenizar suas virtudes.
As virtudes ali eram bem poucas...uma bizarra dinâmica de casal , uma garotinha praticamente órfã de mãe viva , uma série de amantes ocasionais abestalhados , meros joguetes nas mãos de uma mulher muito doente, amada apaixonadamente por um homem igualmente doente.
Ultimamente , estou optando por rever filmes que aprecio a ver filmes que não conheço pois estou bem exigente e até mesmo chatinha quando o assunto é cinema. Quase nada me agrada. Não suporto mais os modelos convencionais de filmes. Me entediam, penso em qualquer outra coisa enquanto os vejo...quando os vejo. Na maioria das vezes , durmo. Durmo e acordo logo em seguida sem remorso algum por ter perdido longas passagens, pois lá no fundo sei que não perdi nada. Que não deixei de ver nada que já não tenha visto centenas de vezes.
Sem querer fazer um trocadilho, mas já fazendo, Águas profundas é um convite para mergulharmos em nossas próprias obscuridades, no lago lamacento que existe dentro de nós , no oceano de possibilidades inusitadas. Sim, somos doentes , de uma forma ou de outra , em diferentes graus , as pessoas aceitando ou não. O filme é um tapa na cara. Um tapa bem dado com gosto de café forte. Delicioso.
Há dois dias peguei um filme por acaso na TV5, canal francês. O filme era protagonizado por um Jean -Louis Trintignant de meia idade e uma Isabelle Huppert novinha , com cabelos curtos e o mesmo olhar magnético e impertinente de sempre.
A trama começou a me indignar na mesma proporção que me enredou, que me deixou ali sentada no sofá , com os olhos fixos na tela, indiferente à vida real.
Como um bom filme francês que se preze , Águas profundas , de 1981, está cagando e andando para a normalidade, para o politicamente correto, para o the end convencional. Acredito que os personagens protagonistas tiveram o seu final feliz , mas nada convencional. Ninguém casou ou foi promovido na empresa onde trabalha e dá um duro danado. O mundo não retribuiu com pétalas de rosas caindo do céu o esforço dos personagens. Não houve prêmio algum para parabenizar suas virtudes.
As virtudes ali eram bem poucas...uma bizarra dinâmica de casal , uma garotinha praticamente órfã de mãe viva , uma série de amantes ocasionais abestalhados , meros joguetes nas mãos de uma mulher muito doente, amada apaixonadamente por um homem igualmente doente.
Ultimamente , estou optando por rever filmes que aprecio a ver filmes que não conheço pois estou bem exigente e até mesmo chatinha quando o assunto é cinema. Quase nada me agrada. Não suporto mais os modelos convencionais de filmes. Me entediam, penso em qualquer outra coisa enquanto os vejo...quando os vejo. Na maioria das vezes , durmo. Durmo e acordo logo em seguida sem remorso algum por ter perdido longas passagens, pois lá no fundo sei que não perdi nada. Que não deixei de ver nada que já não tenha visto centenas de vezes.
Sem querer fazer um trocadilho, mas já fazendo, Águas profundas é um convite para mergulharmos em nossas próprias obscuridades, no lago lamacento que existe dentro de nós , no oceano de possibilidades inusitadas. Sim, somos doentes , de uma forma ou de outra , em diferentes graus , as pessoas aceitando ou não. O filme é um tapa na cara. Um tapa bem dado com gosto de café forte. Delicioso.
Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
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