Não há
nada mais chato do que ter que explicar a mesma coisa 507 vezes. Quando a
pessoa não entende mesmo, ok. Sou professora e tenho a maior paciência do mundo
para ensinar. O problema é quando a pessoa não quer entender e fica acuando a
gente num joguinho emocional perverso.
Na
verdade, a pessoa entendeu muito bem, mas não concordou com o seu ponto de
vista. Ao invés de discordar e pronto, encerrar o assunto, fica criando
polêmicas em cima do nada, procurando pelo em ovo, chifre em cabeça de cavalo e
tirando a paciência até do indivíduo que pratica budismo há 50 anos.
Como uma
boa mistura explosiva de sangue espanhol com italiano, quando percebo este tipo
de conduta, fico emputecida e minha vontade é pular na jugular mesmo, com os
olhos cheios de sangue e muita bílis na boca.
Mas venho
aprendendo a me controlar porque percebi que na verdade o carinha ou carinha
que finge não entender só para criar uma mesa redonda, na verdade é um ser que
precisa de muita atenção e como não consegue encantar as pessoas com palavras
inteligentes, gentis ou engraçadas, fica criando polêmica em cima do nada.
Estas pessoas enchem o saco, cutucam, provocam porque elas querem realmente que
você perca seu precioso tempo com elas, dando explicações inúteis que te
deixarão esgotado. Em resumo: elas querem que você se sinta como elas se
sentem: um monte de merda.
Cada vez
mais vou descobrindo que todo chato é um cara muito infeliz com ele mesmo e
para conseguir se suportar, precisa jogar um pouco do fardo que ele é em cima
do primeiro infeliz que tem o azar de passar na frente dele.
Sílvia
Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.
Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas.