Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS
Um dia desses , a minha memória ficou com um gosto meio pegajoso e caseiro de manteiga que passou horas fora da geladeira.
Eu a vejo se espalhando pelo pão e sinto o sabor morno e meio melancólico dos momentos felizes.
Toda alegria me parece um pouco melancólica , o gesto final de um último ato teatral bom.
Todo gosto de manteiga vem antes das tempestades.
Tempestades não. Não gosto desta metáfora. Amo tempestades. Adoro contemplá-las pela janela da alma. Acho que sou a pior delas. A mais ruidosa. A que tem mais cheiro de nostalgia. A que traz o mais colorido dos arco-iris quando finalmente se cansa de derramar.
Há alguns dias, tive uma ideia que me pareceu genial. Mas não a escrevi. E como tudo que não é feito na hora que deve ser feito , ela se misturou nesta maçaroca de manteiga e virou um vislumbre qualquer de algo brilhante e banal ao mesmo tempo. Café requentado após uma taça de espumante.
Acho que era algo sobre como me tornei a Garota desbocada. Não existe um "eu sou". O que existe é o que eu decido ser. Toda vida é uma obra de ficção.
E num dia qualquer , ou melhor dizendo, em uma sequência caótica de dias quaisquer , saí pela chuva , blusa colada à alma , sentimento de nada a perder. Foi entre uma chuvarada e um beijo roubado , entre uma piada inadequada e um rubor qualquer , entre um desejo de ir e outro de ficar , que decidi ser a Garota desbocada.
Intuo que como tudo que escrevo, ela é mais uma obra de uma falsária. Não me importo. Gosto desta figura atrevida que surgiu no meio da mais escandalosa das tempestades. Que me sorriu com um sorriso sexy de canto de boca, sussurrando que eu poderia ser quem eu quisesse. Saí com ela pela chuva das possibilidades múltiplas , sem medo de me molhar , sem medo de pirar diante do caos.
Virei este mosaico de lembranças tépidas e desejos inconfessáveis que confesso para mim e para quem eu quiser com a alma nua diante de um espelho imaginário.
Gosto de me vestir com ideias e depois tirar cada uma delas enquanto olhos curiosos olham para mim, esperando ávidos pelo próximo insight.
Virei este mosaico de personagens que dançam languidamente por minha alma. Passam por mim todos com batom vermelho, trocando seus figurinos , fazendo bagunça no meu palco.
E ao final de mais uma apresentação, me sento no proscênio escuro e me sinto um pouco cansada. Toco suavemente as pérolas falsas do meu gigantesco colar imaginário.
Um dia desses , a minha memória ficou com um gosto meio pegajoso e caseiro de manteiga que passou horas fora da geladeira.
Eu a vejo se espalhando pelo pão e sinto o sabor morno e meio melancólico dos momentos felizes.
Toda alegria me parece um pouco melancólica , o gesto final de um último ato teatral bom.
Todo gosto de manteiga vem antes das tempestades.
Tempestades não. Não gosto desta metáfora. Amo tempestades. Adoro contemplá-las pela janela da alma. Acho que sou a pior delas. A mais ruidosa. A que tem mais cheiro de nostalgia. A que traz o mais colorido dos arco-iris quando finalmente se cansa de derramar.
Há alguns dias, tive uma ideia que me pareceu genial. Mas não a escrevi. E como tudo que não é feito na hora que deve ser feito , ela se misturou nesta maçaroca de manteiga e virou um vislumbre qualquer de algo brilhante e banal ao mesmo tempo. Café requentado após uma taça de espumante.
Acho que era algo sobre como me tornei a Garota desbocada. Não existe um "eu sou". O que existe é o que eu decido ser. Toda vida é uma obra de ficção.
E num dia qualquer , ou melhor dizendo, em uma sequência caótica de dias quaisquer , saí pela chuva , blusa colada à alma , sentimento de nada a perder. Foi entre uma chuvarada e um beijo roubado , entre uma piada inadequada e um rubor qualquer , entre um desejo de ir e outro de ficar , que decidi ser a Garota desbocada.
Intuo que como tudo que escrevo, ela é mais uma obra de uma falsária. Não me importo. Gosto desta figura atrevida que surgiu no meio da mais escandalosa das tempestades. Que me sorriu com um sorriso sexy de canto de boca, sussurrando que eu poderia ser quem eu quisesse. Saí com ela pela chuva das possibilidades múltiplas , sem medo de me molhar , sem medo de pirar diante do caos.
Virei este mosaico de lembranças tépidas e desejos inconfessáveis que confesso para mim e para quem eu quiser com a alma nua diante de um espelho imaginário.
Gosto de me vestir com ideias e depois tirar cada uma delas enquanto olhos curiosos olham para mim, esperando ávidos pelo próximo insight.
Virei este mosaico de personagens que dançam languidamente por minha alma. Passam por mim todos com batom vermelho, trocando seus figurinos , fazendo bagunça no meu palco.
E ao final de mais uma apresentação, me sento no proscênio escuro e me sinto um pouco cansada. Toco suavemente as pérolas falsas do meu gigantesco colar imaginário.
Sílvia Marques é doutora em Comunicação e Semiótica , escritora, atriz e psicanalista lacaniana. Escreve na Obvious e Fãs da Psicanálise, idealizadora da pós em Cinema do Complexo FMU. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.
www.psicanalistasilviamarques.com
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