quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Estou muito Tarantino

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Hoje assisti ao filme Cães de aluguel. Estou numa fase muito Tarantino. Para filmes. Para quase tudo.


Uma das grandes provas para mim que preconceito é sinal de burrice foi a minha resistência a assistir aos filmes do Tarantino. Ouvia por alto que os filmes dele se resumiam à violência e acreditei nisso.

Se conselho fosse bom, a gente vendia, não dava. Mas de qualquer forma, eu darei um mesmo assim: formem suas opiniões a partir das suas experiências e percepções. Quer ler críticas cinematográficas? Leia. Mas dê um voto de confiança aos artistas. Você pode se surpreender. E se não se surpreender, paciência. Pelo menos você pode criticar com conhecimento de causa.

Por causa de comentários levianos de leigos, me privei por anos de me deliciar com verdadeiras aulas de filosofia embaladas em muito sangue falso e Fuck you!

Tarantino é só violência para quem não consegue ver além do óbvio. Não gostar do estilo, tudo bem. Ok. Mas dizer que não tem conteúdo?

Mas voltando à minha fase Tarantino, não quero dizer que estou saindo por aí dando tiro em todo mundo ou lutando ao estilo de uma samurai. Também não estou assaltando joalherias nem traficando.

Estou mais nua e crua. Mais dura. Mais fluida. Com menos mimimi, mais aqui agora. Estou mais para rascunho do que texto acabado, revisado. Estou mais para arte experimental do que pesquisa científica. Estou mais para filme independente , gravado com um smartphone em uma garagem do que filme de estúdio, com roteiro redondo, um minuto por página. Estou mais para ensaio aberto do que noite de estreia.

Sim, estou numa fase muito Tarantino. Faço poesia com palavrão, filosofo sobre a existência do copo de vinho ao redor de uma mesa de bar, faço tudo com energia e furor mesmo sabendo que tudo é uma grande merda.  E se eu não te convenho, saco a minha pistola de sarcasmo.



Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.

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