quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Caos

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Não me olhe com esta cara de quem sabe toda a verdade. Não tente me engolir com um beijo de amor nem agarrar a minha alma num abraço mundano.

Sinto o calor da sua respiração me comendo com a sua fome de amor e não sei o que dizer. Apenas sorrio. Para mim mesma. De mim mesma. A vida é um jogo de palavras e não sei o que dizer. Sou uma escritora desde sempre e tudo que posso fazer é te olhar e sorrir. Com este mesmo sorrisinho de canto de boca que dou como resposta lacônica e sedutora para o mundo.

Sim, a vida é um jogo de palavras e como gosto de tecer versos esgarçados,  molhados de vinho e lascívia, impregnados pela minha verdade subjetiva, danço ao ritmo do acaso bebendo da minha poesia barata. 

Sim, a vida é um jogo de palavras e o amor , o mais estridente dos estribilhos. Danço cada vez mais rápido, passos novos e desajeitados. Não sou um dos casais robóticos de Último tango em Paris...estou mais para Brando mostrando a bunda para esta gente que acha que sabe tudo com suas caras enfezadas e seu medo de flertar com o próprio desejo. Olho para ele. Olhos nos olhos. Me tira para dançar. Não sei dançar direito. Quem se importa com isso? 







































































Sílvia Marques é professora doutora , escritora, atriz e psicanalista lacaniana. Escreve na Obvious e Fãs da Psicanálise, idealizadora da pós em Cinema do Complexo FMU. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.

www.psicanalistasilviamarques.com







domingo, 15 de outubro de 2017

O amor é uma poesia em carne viva

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Sinto saudade da sua bagunça. Sinto saudade de ter você pigarreando pela manhã, passando displicentemente a mão no cabelo farto, tentando domá-lo enquanto aspiro o cheiro de fumo que exala da sua pele trigueira. 

Sinto saudade da sua cueca jogada pelo meio do caminho. Desvio para não pisar na sua roupa íntima com meus tênis grosseiros ou  meus saltos confortáveis, quadrados , perfeitos para quem não dirigiu a libido para o cumprimento dos protocolos ditos femininos.

Sinto-me eu mesma com meu batom vermelho, os braços arrepiados quando lança um sopro quente em meus ouvidos, os mamilos levemente atrevidos , uma vontade de não sei o quê. 

Posso suportar numa boa a saudade que sinto quando está longe de mim, tomando meu vinho branco bem gelado enquanto transformo meu mais banal dia a dia na mais cálida poesia. Quando desafio o tédio com um sorrisinho de canto de boca. 

Insuportável é sentir a sua falta quando se aninha em meus braços , nos mesmos braços arrepiados, nos mesmos braços que não podem te segurar , sentindo o calor da sua respiração colada ao meu decote descuidado. 

Sou uma mulher inadequada. Você sempre soube disso enquanto tragava um pensamento filosófico juntamente com a fumaça do cigarro, um jeito levemente sarcástico, algo entre "Estou extasiado" e "Estou nem aí".

Acho que gosto mais do seu niilismo do que do seu êxtase por mim. Não estou acostumada a ser desejada. Não sei ser desejada. Não sei onde colocar os braços.  Sinto falta de saber andar bem de salto. Mentira...mais um sorrisinho de canto de boca. Mais um verso de poesia tecido com as emoções da vida, com as mesmas emoções diluídas no fundo de uma taça de vinho. 
































































Sílvia Marques é professora doutora , escritora, atriz e psicanalista lacaniana. Escreve na Obvious e Fãs da Psicanálise, idealizadora da pós em Cinema do Complexo FMU. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.

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domingo, 8 de outubro de 2017

Por onde anda a garota desbocada?

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Me perguntaram sobre a garota desbocada esta semana e eu senti uma saudade verdadeira daquela sujeitinha irreverente , que se acha atraente com suas calcinhas de renda meio esgarçadas, com seus quilinhos a mais e seus mamilos rosados de mocinha com quase 40 anos. 

Que faz poesia com suas palavras mais gastas do que as rendas das  mesmas calcinhas que ela insiste em usar como quem repete velhas emoções diante de um copo vazio. 

Me sinto literariamente e existencialmente sóbria hoje. Busco o que dizer com a lembrança da pele da alma, com o gosto do vinho que tomei na semana passada. Reinvento o meu torpor porque como todo poeta, sou uma dissimulada que encena o próprio gozo, a própria dor. 

Porque como toda poeta me desnudo de mim mesma para sorver num canudinho imaginário o sangue do meu coração. 

Ás vezes, queria ser a garota desbocada mais uma vez. Ela é o tipo de mulher que faz até as mulheres perderem a cabeça. Se a encontrasse no meio da rua , atravessando-a de forma descuidada , a chamaria para um café e um dedo de prosa e juntas faríamos uma poesia de carne e osso.

Mas estou cansada. E me contento em dissimulá-la por meio das minhas palavras que significam nada enquanto escuto "Onde anda você" , com um sorrisinho de canto de boca, ruminando qualquer coisa muito insana.  


































































Sílvia Marques é professora doutora , escritora, atriz e psicanalista lacaniana. Escreve na Obvious e Fãs da Psicanálise, idealizadora da pós em Cinema do Complexo FMU. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.


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