quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Caos

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Passo o lápis preto debaixo dos olhos.  Pinto os lábios com batom vermelho e finalmente me vejo demaquilada , finalmente vejo a mim mesma. Jogo os cabelos para trás para deixar o brinco à mostra. Movimento a cabeça para vê-lo tremendo ...é um gesto infantil e bobo. Me delicio com um sorriso de canto de boca.

Encho uma taça de vinho que me transporta para terras distantes. Sinto o calor de emoções antigas voltar a me aquecer. Me entrego a elas com a lascívia daqueles que nunca temem as consequências trágicas de suas escolhas impensadas. 

Fecho os olhos e vejo tudo que não quero querendo com desesperada calma. Olho para o abismo. Não posso evitar. Meus lábios anseiam por beijar demoradamente o caos.  
















































































Sílvia Marques é professora doutora , escritora, atriz e psicanalista lacaniana. Escreve na Obvious e Fãs da Psicanálise, idealizadora da pós em Cinema do Complexo FMU. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.

www.psicanalistasilviamarques.com











segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Ode à uma desconhecida

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Como um prato cheio de rosbife e tomo uma cerveja alemã olhando para o mesmo horizonte de um ano antes , quando tudo era diferente e ao mesmo tempo igual. 

Minhas emoções primárias estão intactas enquanto o mundo ao meu redor gira loucamente ao som de uma música insana que não entendo.

A cerveja gelada incendeia as minhas ideias que vagam tão loucamente quanto a música imaginária que me envolve num mundo de possibilidades iguais.  Por trás do rosto ironicamente plácido ,  dorme um sono leve uma mulher nua e passional, capaz de se rasgar  por um último beijo de amor. 

Penso que quando fazemos qualquer coisa só por amor, tudo fica mais forte e frágil. 

Se somente o desejo me liga a você , se somente o desejo me liga a tudo que sinto e toco e faço,  deixar para trás e partir se tornam as tarefas mais simples e complexas da existência.

Dançamos completamente embriagados no palco da vida sob uma chuva de lembranças.  Rimos meio sem saber o porquê enquanto peço que abra outra garrafa de nostalgia para tomar junto com as sobras do café da manhã. 

Ando nua pelo quarto. Seu olhar não me intimida mais. Não me escondo pois sei que há qualquer coisa que nunca poderá tocar em mim. Pois sei que esta mesma coisa que  você não pode pegar e se apoderar também está completamente apartada de mim. 

Sou fascinada por tudo aquilo que desconheço. Quero tocar com os lábios pintados de batom vermelho o que não consigo dizer a mim mesma enquanto digo qualquer coisa a você. 













































































Sílvia Marques é professora doutora , escritora, atriz e psicanalista lacaniana. Escreve na Obvious e Fãs da Psicanálise, idealizadora da pós em Cinema do Complexo FMU. Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.

www.psicanalistasilviamarques.com