terça-feira, 25 de abril de 2017

Sobre amores e a fatalidade da vida

Garota desbocada é um espaço visualmente tosco, ideologicamente irreverente, em que posto artigos politicamente incorretos sobre as minhas insatisfações e inquietações. Se quiser rir e praguejar comigo, entre e fique à vontade RS

Como disse Cazuza , ás vezes, sinto vontade de fechar a conta com a analista para não saber quem sou, para não me curar desta inquietação que me faz escrever loucamente. Que me faz vagar pelo mundo como o verso derradeiro de uma poesia triste. 

Não existo fora da minha pena. Das duas. Terei que me reescrever com letras diferentes. Talvez garrafais , escandalosas como o riso rasgado daqueles que só querem viver. Daqueles que não sonham em ficar impressos na História pois já estão inseridos em sua própria história, pequena , particular , íntima, banal e calorosa como um bocejo pela manhã, como uma caneca de chocolate quente condimentado com canela, preguiça e amor. 

Me movo meio desajeitadamente fora dos limites do drama. A luz do proscênio bate em meu rosto e eu só preciso sorrir. Não estou acostumada a me sentir feliz. Penso numa frase de efeito. Mas estou cansada demais para falar. Tento juntar dois versos trágicos em meu coração, mas só consigo pensar no cheiro do café, nas sobras da omelete sobre a  mesinha de cabeceira, na alegria banal de ser amada sem mas nem reticências. O amor simples é a maior das fatalidades. E entrego -me a esta tragédia com a imprudência típica daqueles que nunca aprendem. 

Me pede para jurar amor eterno. Sorrio internamente. Já vivi muitas coisas para acreditar no felizes para sempre. Sim, te prometo com minha fala esgarçada que nós nunca acaberemos...em meu regaço, o teu rosto sobre o meu colo, o futuro não existe. O mundo ficou do lado de fora. Estou louca? Sorrio mais uma vez.



















Sílvia Marques é escritora, professora doutora e escreve regularmente na Obvious.  Viciada em café, chocolate, vinho barato, dias nublados, filmes bizarros e pessoas profundas.








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